"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

domingo, 31 de outubro de 2010

Você é empático ou simpático?

Empatia
Por que existem pessoas com as quais desconhecidos conversam e até contam intimidades? Já aconteceu com você, no ônibus ou na fila do banco? Se a resposta é sim você deve ser alguém empático. As pessoas empáticas parece que atraem uma conversa ou confidência.
Empático: é aquele que demonstra ou sente empatia.
Empatia: capacidade de sentir o que outra pessoa sente em determinada situação. Saber colocar-se no lugar do outro.
Há pessoas simpáticas que não são empáticas. Simpatia é ser cordial, sorridente e delicado nas relações humanas, mas não necessariamente sentir com o outro.
Há muitos que já nascem com essa capacidade de empatia, outros a desenvolvem no decorrer de suas vidas.
E há outros em cujo dicionário esta palavra não existe. Por quê?
A empatia tem a ver com bondade, compaixão e sensibilidade, contudo nem toda pessoa sensível é empática. Uma pessoa pode ser sensível às artes, por exemplo, e não ser sensível ao sentimento ou sofrimento dos outros.
Para sermos empáticos temos de não só ver as nossas necessidades, mas as dos outros também. Por que devemos achar que as nossas necessidades são mais importantes que as dos demais?
Precisamos primeiramente nos conhecer, conhecer nossos sentimentos, carências e necessidades para poder entender os sentimentos e carências do outro.
Precisamos enfocar mais as semelhanças que existem entre nós porque assim fica mais fácil aceitar as diferenças.
A falta de empatia também pode ser um problema mental. É sabido que os psicopatas ou sociopatas não têm a mínima capacidade de empatia. Sua relação com os demais é totalmente egocentrada e carente de afeto.
Simpatia pode trazer qualidade de vida, vencer oposições, obstáculos ou atrair pessoas, mas empatia pode conquistar amizades ou, quem sabe, aquela criatura sensacional em que você está interessado afetivamente ...
Nas relações humanas, tanto sociais quanto afetivas, haveria bem mais entendimento se as pessoas fossem mais empáticas.
Cada vez mais no mundo dos negócios os empresários procuram pessoas empáticas para atender seus clientes porque já constataram sua eficácia na fidelização dos mesmos. E existem técnicas para desenvolver a empatia. O Dr. Martin Portner, neurologista, trabalha já há algum tempo com técnicas muito interessantes que ele disponibiliza em seu site.
Para quem interessar, este link é para download de seu e-book sobre Empatia no Trabalho: http://portner.sites.uol.com.br/empatia/index.html
Para finalizar, aqui vai um texto de alguém que, muito mais do que eu, resume com perfeição o assunto:
O Milagre da empatia
Artur da Távola
O mais difícil dos sentimentos é o sentimento do outro. O outro é ele e és tu. Ele é realmente o outro ou é a parte tua que não queres ser, saber, ver ou aceitar? Tu és o outro para os outros, logo és igual a ele. Todos somos “outros”. E, no entanto o outro invade, ameaça, mastiga de boca aberta, irrita, eriça, machuca. Até teu filho é o outro. E tu, pobre pretensioso, pensas que ele é teu…
O sentimento do outro quantas vezes te faz parar, meditar, deixar de fazer o melhor que tens ou podes, só porque o outro é o mistério que te ameaça. Por que o outro te ameaça? Porque és tu. Quanto maior teu sentimento do outro, maior será teu o sentimento do melhor e do pior que tens.
O sentimento do outro não é sentir por ele. É saber o que ele sente. É avaliar o como e o quanto ele sente. O sentimento do outro não é o masoquismo de fazer teu, um sofrimento que só a ele pertence. É dimensionares a medida certa do sofrimento dele e só poderes ajudar porque não fazes teu um sofrimento que é alheio mas o entendes e sentes, na exata medida de sua extensão, sem as marcas e as limitações da dor enquanto dói. Não é ficar como o outro. É ficar com o outro. O sentimento do outro é quase um milagre. Cuidado com ele, vai te obrigar a ceder, a entender. Atrapalhará para sempre teu desejo, tua gula e vontade.
O sentimento do outro é aquilo que é mais prático não ter. Mas, em caso positivo é contágio de saúde: não podes deixar de exercê-lo. Senão fermentas. Senão apodreces.
Ele freará tua vitória, calará teu brilho e tua boca, impedirá tua vaidade. Pode, até, te pregar a suprema peça de te fazer entender os detestáveis. Cuidado com ele! Quanto maior, mais anulador! Quanto mais anulador, mais repleto de grandeza.
O sentimento do outro, talvez te faça tímido, herói, cais, antena. Ser antena dilacera, sabias? O sentimento do outro te exigirá nervos, músculos, e uma paciência de anacoreta. Quanto mais o outro o perceba em ti, mais ele te invadirá, cobrará, exigirá, até quando, exaurido, ainda consigas juntar os cacos do teu cansaço para, ainda assim, prosseguir.
O sentimento do outro é tua glória e tua tragédia! Tanto mais o terás quanto encontres em ti os escaninhos escurecidos do que és e, ao mesmo tempo as luzes do que, ainda puro, brilha em ti.
O sentimento do outro é o conteúdo oculto do amor ao Próximo.
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Nova Era e esoterismo

NovaEra
Quando morava em Brasília, certa noite eu e minha filha vimos um rastro de luz no céu e no dia seguinte, através do noticiário, fiquei sabendo que metade da cidade também tinha visto o que foi comunicado como um avistamento de Ovni.
Já tinha algum interesse pelo assunto e esse fato aguçou minha curiosidade pelos chamados ETs. Portanto quando, já em minha cidade, fui convidada para uma palestra sobre ETs fui toda curiosa ao evento.
Para minha surpresa a palestra não foi sobre extraterrestres e sim sobre espiritualidade. A palestrante canalizava um ser oriundo de Metaria, seja lá onde for que fique isso. Logo ao chegar já me impressionou a energia que senti no local – senti-me muito bem. Durante a palestra senti muito amor vindo daquele ser que estava sendo canalizado.
Este foi o início de minhas experiências no chamado Movimento da Nova Era.
Após tal palestra, durante 4 anos, aproximadamente, tive estreito contato com um grupo de pessoas realmente extraordinárias, pelas qualidades de amor, amizade, humanidade, desprendimento e altruísmo e também por serem, muitas delas, totalmente “viajantes na maionese”.
Sucederam-se encontros holísticos (que foram maravilhosos em todos os sentidos) e alguns rituais, inclusive xamânicos, nos quais me sentia bastante desconfortável e às vezes ridícula. O problema é que nunca gostei, e continuo não gostando, de rituais. Não julgo as pessoas que os apreciam, mas os rituais em si me causam uma vontade de sair correndo. Hoje eu sei por quê.
No meu afã de encontrar a Divindade eu acabava indo a tais rituais para ver se eu “melhorava” ou melhor dizendo se, de repente, naquele dia despertaria em mim a comunicação com o “outro lado”. Afinal de contas, quase todos com os quais eu interagia tinham visões de outras realidades e alguns se comunicavam com seres extrafísicos e eu – nada! Sentia-me como se fosse aleijada, faltando-me uma parte que os demais possuíam.
Foram anos incríveis e dolorosos também. Incríveis porque nos encontros de canalizações eu me sentia nas nuvens tal o amor que permeava tais reuniões. Dolorosos porque junto com meu despertar interno, com muita, mas muita auto-análise, tendo de fazer face ao meu lado sombrio, também percebi naquelas pessoas que conheci alguns egos gigantescos, vaidades e muita puxação de saco dos canalizadores. Aff
Também percebi, com exceção de alguns poucos, que estavam mais interessados no aspecto fenomenológico: ver, sentir, ouvir coisas fora do normal desta prosaica terceira dimensão. Não que eu também esporadicamente não tivesse minhas “visões” e sentisse energias que até então nunca havia sentido, mas tais manifestações não me impressionavam ou deixavam vaidosa, pelo contrário, eu ficava sempre me perguntando se também não estaria “viajando”.
De lá para cá 15 anos se passaram e continuo vendo outras pessoas ainda fascinadas pelo fenômeno, por rituais, por objetos de poder (como se objetos tivessem poder), cristais, mandalas, mudras, danças , e etc., etc.
Não estou dizendo que tudo isso é besteira, mas são apenas instrumentos para despertar o nosso lado místico e sensitivo, não são o caminho para chegar ao Deus interior.
O Deus interior é alcançado através de duro e contínuo trabalho interno:
- autoconhecimento,
- amar-se totalmente,
- desfazer-se das crenças limitantes,
- desenvolver a compaixão (aceitar o outro como ele é e aceitar o que ele faz),
- eliminar o dualismo
- sentir (na enésima potência),
- eliminar o medo (se eu sou Deus também, terei medo do quê?).
Acho que estou esquecendo alguma coisa, mas o exposto é o principal. E deu para perceber que alcançar tal maestria não é tarefa nada fácil. É contínua e constante auto-observação e auto-análise (sem julgamento). E isso é difícil, muito difícil.
Então, ser esotérico ou Nova Era ou espiritual não é necessariamente o Caminho para Ele/Ela. O Uno, Tudo que É, a Fonte, o Criador. Até porque os tempos mudaram, atualmente vivemos numa nova energia onde antigos parâmetros não funcionam mais.
A humanidade está mudando e se ela muda a Divindade também muda porque fazemos parte Dela. O Deus de Abraão mudou há muito tempo e o da Nova Era também já mudou e continuará mudando. Há que expandir-se a consciência para poder perceber e acompanhar as mudanças.
Imagem:http://adparqueribeiraopreto.com.br/2010/02/nova-era/
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cinismo e eleições

cínicos

Em tempos de eleição a gente vê, através dos meios de comunicação, diversos exemplos de cinismo totalmente explícito. E o pior é que não há punição para os cínicos de plantão, pois o cinismo não consta como delito nos nossos códigos jurídicos.

“O Cinismo foi uma escola filosófica grega criada por Antístenes, seguidor de Sócrates, aproximadamente no ano 400 a.C., mas seu nome de maior destaque foi Diógenes de Sínope. Estes filósofos menosprezavam os pactos sociais, defendiam o desprendimento dos bens materiais e a existência nômade que levavam.” (Ana Lucia Santana)

Como a palavra chegou ao significado atual, a História não tem registro, provavelmente foi se deturpando aos poucos. Bom, mas hoje, além de se referir à escola filosófica, o dicionário diz o seguinte sobre o cinismo: “impudência, desvergonha, descaramento.” (Dicionário Aurelio)

Também é empregado como indiferença ao sentimento e sofrimento alheios. A História apresenta vários cínicos famosos, na política, na filosofia, nas letras, etc. Sem pensar muito, lembro de dois que quase me contaminaram com seus pensamentos derrotistas e doentes quando eu era adolescente: Nietzsche e Oscar Wilde.

Eis aqui alguns exemplos do cinismo de ambos:

De Oscar Wilde:

“Não deixe de perdoar os seus inimigos – nada os aborrece tanto.”

“O cinismo não é mais do que a arte de ver as coisas como elas são de preferência a de como deveriam ser.”

“As tragédias dos outros são sempre de uma banalidade exasperante.”

“Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.”

De Nietzsche:

“O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.”

"Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos."

“Nome da mãe da moral: medo.”

“Se se quer ser alguém, deve venerar-se a própria sombra.”

Nunca me dei ao trabalho de pesquisar a vida do Nietzsche, então não sei os motivos de seu derrotismo e pessimismo, mas de Oscar Wilde eu sei alguma coisa. Ele era homossexual e passou por maus bocados devido a isso já que viveu durante a época Vitoriana que se tornou famosa por causa dos excessos puritanos.

O cinismo é uma máscara usada para encobrir baixa auto-estima e/ou medo. Quanto à primeira acho que não preciso explicar, está obvio. Já o medo, pode ter vários motivos.

Pode ser o medo do indivíduo não achar que os demais acreditam na imagem perfeita que ele tenta passar ao mundo.

Pode ser medo de perdas: financeiras ou de poder, por exemplo.

Medo de perda do ser amado (ainda não conquistado) e - por quê? Por baixa auto-estima.

Medo de perda de posição social, reconhecimento ou honrarias.

Medo da própria capacitação sexual. As baladas noturnas estão repletas desse tipo de cínicos. Tanto homens quanto mulheres, só o que os difere são as formas de cinismo.

Medo da finitude – da morte daquelas pessoas que não tem o respaldo de uma crença espiritual.

Enfim, medos de vários tipos e várias razões.

Então, não sejam muito duros com os nossos políticos, o que eles merecem é compaixão, pois resolveram experienciar nesta vida atitudes nada edificantes como ganância, falsidade, hipocrisia, desonestidade, demagogia e egocentrismo e terão de voltar para resgatar o carma que geraram.

Pode ser que um dia, num futuro e alvissareiro dia, a totalidade dos políticos seja de pessoas íntegras.

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Precisa-se de um amigo

amizade

Hoje, fazendo uma pausa para descanso da minha cuca, que está sempre fervendo, criando textos que possam ajudar ou esclarecer vocês sobre assuntos tão difíceis de digerir venho hoje homenagear a todos os meus amigos e àqueles que o serão também.

Conheci este texto quando era bem jovem. Não sei como veio parar em minhas mãos, mas o guardo por anos a fio porque o acho lindo e fala sobre a maior riqueza que o ser humano pode encontrar na face da terra – a amizade.

Apreciem.

Precisa-se de um amigo

Precisa-se de um amigo, não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentido, basta ter coração.

Precisa saber falar, saber calar e, sobretudo, saber ouvir.

Tem que gostar de poesia, da madrugada, dos pássaros, de sol, da lua, do canto dos ventos e da canção da brisa.

Deve ter amor, um grande amor por alguém ou, então, sentir falta de não ter esse amor.

Deve respeitar ao próximo e respeitar a dor que todos os passantes levam consigo ...

Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.

Pode já ter sido enganado (todos os amigos são enganados).

Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar.

Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.

Tem que ter ressonâncias humanas.

Seu principal objetivo deve ser o de ser amigo.

Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.

Deve ser D. Quixote, sem contudo desprezar Sancho.

Deve gostar de crianças.

Precisa-se de um amigo para gostar dos mesmos gostares, que se comova quando chamado de amigo.

Que saiba conversar de coisas simples, de orvalho, de grandes chuvas e de recordações da infância.

Precisa-se de um amigo para não enlouquecer; para contar o que se viu de belo e de triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar das ruas desertas, de poças de chuva e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois das chuvas, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.

Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.

Para não se viver debruçado no passado, em busca de memórias queridas.

Que nos bata no ombro sorrindo e chorando, mas que nos chame de amigo.

Precisa-se de um amigo para se ter consciência de que ainda se vive.

Autor desconhecido

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Entendendo nosso vulcão interno: as emoções – Parte 2

vulcão2

Como podemos treinar o gerenciamento das emoções?

Antes de tudo é preciso você se perguntar: a emoção A ou B está atrapalhando a minha vida? Colocando-me muitas vezes numa saia justa? Já me fez perder um emprego ou um/a namorado/a? Etc.

Sendo assim, eu quero mudar meu comportamento? De verdade? Terei persistência para tanto?

Uma boa medida é fazer uma lista, por escrito, das “roubadas” em que você entrou por manifestar tal ou qual comportamento oriundo de uma emoção inadequada à situação.

Cada indivíduo tem um nível próprio de intensidade de emoções. Arianos, leoninos e sagitarianos, como signos de fogo que são, têm emoções mais intensas. Estes terão mais dificuldade em treinar a administração de suas emoções porque também são mais imediatistas e impulsivos. Contudo tudo é treinável nesta vida, o importante é querer realmente, ter a determinação.

Com a auto-observação e auto-análise gradativamente vamos tomando consciência de como, quando e por que nossas emoções se manifestam.

Como: uma situação assustadora deixa você catatônico, sem ação ou faz com que agrida o objeto causador? O objeto pode ser animado ou inanimado. Quando está muito nervoso começa a rir incontrolavelmente ou começa a gaguejar ou quiçá gritar?

Pare! Faça uma inspiração profunda e procure se observar como se fosse outra pessoa. E então? Se sente ridículo ou um ogro? A seguir reflita na situação em si mesma: merece tanto envolvimento de sua parte? Se você ficar calmo, será que não dominará a situação? Refletir é a chave!

Quando: procure analisar quais momentos ou situações deixam você “fora da casinha” e a partir daí sempre que tiver de enfrentar uma situação de tal tipo já vá se preparando antecipadamente. Tome um chá de erva cidreira, faça yoga ou meditação, sei lá, qualquer coisa que o deixe mais calmo.

Por que: este é o item principal. E o mais difícil ...

Os por quês do que sentimos é bem mais fácil de encontrar numa psicoterapia, com a ajuda de um profissional, mas se você não pode ter esta ajuda procure aprofundar sua auto-análise. Via de regra as causas estão na primeira infância (até os 7, 8 anos). Procure lembrar qual foi a primeira vez em que manifestou a emoção em pauta com mais intensidade. O que a causou? Foi uma situação de humilhação, de incompreensão, de muito medo, de maus tratos físicos, de indiferença por parte da mãe ou do pai? Cada caso é um caso.

Na nossa primeira infância uma infinidade de situações e tratamento por parte dos adultos nos fragiliza e marca o nosso psiquismo para sempre se não resolvermos o trauma gerado.

Veja bem, é muito comum as pessoas culparem, principalmente, as mães pelos seus traumas e dificuldades de comportamento quando já se encontram na fase adulta. Olímpico engano! Com exceção daquelas megeras que nunca deveriam ter parido, a média das mães fez e faz o que sabe e o que pode de acordo com suas próprias limitações.

Nossos traumas e neuras são 90% das vezes causados pela maneira como percebemos o mundo que nos rodeia (ver Como você vê o mundo II), lá na infância dependeu da ótica que tivemos sobre determinada situação. Se você duvida disso confira com algum irmão algum “causo” da infância. Talvez a ótica seja até parecida, mas nunca a mesma.

Voltando ao hoje. Existe diferença entre controle emocional e repressão de impulsos emocionais.

Primeiramente, devemos distinguir entre o controle da expressão externa da emoção e o controle da experiência interior dessa emoção.

O controle interior pode, muitas vezes, se tornar realmente uma repressão e a emoção em causa pode internalizar-se, causando problemas psicossomáticos ou transformar-se em ressentimento, ódio, neuroses, etc.

No convívio social, o que devemos fazer é controlar ou administrar a expressão externa das emoções que causam conflitos nas situações e principalmente nos relacionamentos.

A chave para o controle emocional é a transformação da situação ocorrente. Via de regra, é o que as pessoas fazem, muitas vezes, sem se dar conta. Por ex: contar uma piada numa situação conflitante, o que desviará a atenção das pessoas e conseqüentemente mudará seu foco emocional.

Finalizando por hoje, quero frisar um ponto muito importante para a nossa saúde mental e equilíbrio emocional: jamais, jamais se julgue!

Se você está disposto a mudar seu comportamento para melhorar sua vida e suas relações que isso seja uma tarefa gratificante e não um suplício totalmente imerecido. Digam o que disserem as religiões judaico-cristãs, você não merece castigo e não precisa ser salvo de nada.

Imagem: g1.globo.com

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sábado, 16 de outubro de 2010

Entendendo nosso vulcão interno: as emoções

vulcao

Diga a verdade: você entende suas emoções? Convive bem com elas?

Mais ou menos, não é?

Quando precisa, quando a situação o exige é capaz de controlar suas emoções?

Tema complicado, não?

São tantas as questões que se colocam quando se trata de emoções, tantas dúvidas e perplexidades sobre a nossa dificuldade em manejá-las.

Fala-se muito atualmente em Inteligência Emocional. Isso não existe. O que existe é saber gerenciar as próprias emoções e isto não tem nada a ver com inteligência e sim com intenção, em primeiro lugar, depois auto-análise e por fim a prática, o treino do gerenciamento, ou seja, como administrar as emoções.

É difícil gerenciar nossas emoções porque tal qual um vulcão, elas explodem repentinamente. Essa erupção, via de regra totalmente inesperada, nos pega desarmados para fazer frente ao que emerge de nosso íntimo; seja um tremor nas pernas ao ver o ser amado ou a fúria que nos cega no trânsito caótico.

Eu acho muito engraçado quando vejo alguém se gabando de estar sendo totalmente racional, numa discussão por exemplo. Essa pessoa pode estar sendo mais racional que a/s outra/s, mas não totalmente racional porque isso ela não pode ser.

Muitas vezes o ser humano é definido como um ser pensante, na realidade somos seres altamente emocionais. Uns mais outros menos. Uns escondem melhor suas emoções, outros são mais descontrolados, mas somos todos absolutamente emocionais.

Um bebê recém nascido já manifesta emoções e é bem interessante observar que ele o faz com o corpo todo. Observe um bebê chorando quando está com fome ou dor, ele contrairá e esticará braços e pernas, seu tórax e barriga se comprimem e expandem. Ele usa todo o corpo para manifestar sua bronca.

Ao nascermos sentimos somente as emoções ditas autênticas ou primárias: prazer, alegria, tristeza, medo e raiva.

À medida que vamos crescendo começamos a utilizar disfarces para encobrir nossas reais emoções porque já observamos que algumas vezes não fomos bem sucedidos ou apreciados ao demonstrá-las. Por exemplo: muitas pessoas sentem vergonha por demonstrar tristeza, então a substituem por depressão ou ansiedade, etc.

Tais disfarces podem ser: desespero, ódio, ressentimento, mágoa, ciúme, inveja, orgulho, impaciência, depressão, ansiedade, angústia, inadequação, culpa, vergonha, confusão, preocupação, desconfiança, etc. (alguns são emoções e outros são sentimentos).

Então, vamos entender um pouco mais o assunto.

Primeiramente vamos diferenciar emoções de sentimentos.

Emoção é uma reação afetiva de grande intensidade e curta duração, acompanhada, no plano objetivo, de manifestações corporais (suor, palpitações, enjôo, tremores, etc.).

Sentimento é um estado afetivo, geralmente de caráter prolongado, que não se caracteriza por manifestações corporais ou vegetativas.

Uma emoção é sempre provocada por um estímulo externo. Ela pode ter efeitos organizadores e desorganizadores sobre o comportamento.

Às Emoções que têm efeito organizador chamamos :

Emoções Positivas

Amorpassional

Euforia

Ternura

Prazer

Paixão

Exaltação

Às Emoções que têm efeito desorganizador chamamos:

Emoções Negativas

Medo

Raiva

Desespero

Tensão

Angústia

Ansiedade

As Emoções são determinadas pelos nossos fatores internos: crenças, medos, estrutura de ego, memórias, constituição genética, etc.

Nós não podemos eliminar as nossas emoções, mas podemos aprender a administrá-las. O maior ou menor sucesso nesta tarefa vai depender de nosso tipo de personalidade e do esforço que fizermos para tanto. É uma tarefa fácil? Não, contudo, como tudo o mais em nossa vida, é treinável!

Primeiro vem a intenção de gerenciar as nossas emoções. Sem a intenção não conseguimos sucesso em nenhum empreendimento. Intenção implica em vontade, mas não é a mesma coisa. Quando manifestamos intenção nós partimos para a ação.

A seguir: auto-observação e auto-análise. Durante muitos anos trabalhei com seleção de pessoal e observei que as pessoas que se conheciam mais se saiam melhor nas entrevistas. Auto-análise é fundamental para uma pessoa ter mais sucesso em várias áreas da vida Procurar compreender porque age assim ou assado; em que momentos a emoção da raiva, por exemplo, se manifesta e muitas vezes bota tudo a perder. Por que não toma uma atitude necessária? Aí existe um medo. Medo do quê? E por aí vai.

Finalmente partimos para o treino do gerenciamento que continuaremos no próximo post.

Imagem:http://www.informenoticia1.com/?p=11312

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cuidado com a água que você bebe

rio

Não costumo levar à sério e-mails assustadores ou portadores de tragédias, contudo este que recebi e reproduzo aqui é diferente por tratar-se de fonte confiável. O assunto é sério e afeta a todos nós.

Contaminantes emergentes na água

Por Fabio Reynol - Agência Fapesp

Durante a década de 1990, houve uma redução na população de jacarés que habitava os pântanos da Flórida, nos Estados Unidos. Ao investigar o problema, cientistas perceberam que os machos da espécie tinham pênis menores do que o normal, além de apresentar baixos índices do hormônio masculino testosterona. Os estudos verificaram que as mudanças hormonais que estavam alterando o fenótipo dos animais e prejudicando sua reprodução foram desencadeadas por pesticidas clorados empregados em plantações naquela região.

Esses produtos químicos eram aplicados de acordo com a legislação norte-americana, a qual estabelecia limites máximos baseados em sua toxicidade, mas não considerava a alteração hormonal que eles provocavam, simplesmente porque os efeitos não eram conhecidos. Assim como os pântanos da Flórida, corpos d'água de vários pontos do planeta estão sendo contaminados com diferentes coquetéis que podem conter princípios ativos de medicamentos, componentes de plásticos, hormônios naturais e artificiais, antibióticos, defensivos agrícolas e muitos outros em quantidades e proporções diversas e com efeitos desconhecidos para os animais aquáticos e também para pessoas que consomem essas águas.

"Em algumas dessas áreas, meninas estão menstruando cada vez mais cedo e, nos homens, o número de espermatozoides despencou nos últimos 50 anos. Esses são alguns problemas cujos motivos ninguém conseguiu explicar até agora e que podem estar relacionados a produtos presentes na água que bagunçam o ciclo hormonal", disse Wilson Jardim, professor titular do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), à Agência Fapesp.

O pesquisador conta que esses contaminantes, chamados emergentes, podem estar por trás de vários outros efeitos relacionados tanto à saúde humana como aos ecossistemas aquáticos. "Como não são aplicados métodos de tratamento que retirem esses contaminantes, as cidades que ficam à jusante de um rio bebem o esgoto das que ficam à montante", alertou o pesquisador que coordena o Projeto Temático "Ocorrência e atividade estrogênica de interferentes endócrinos em água para consumo humano e em mananciais do Estado de São Paulo", apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O aumento no consumo de cosméticos, de artigos de limpeza e de medicamentos tem piorado a situação, de acordo com o pesquisador, cujo grupo encontrou diversos tipos de produtos em amostras de água retirada de rios no estado de São Paulo. O antiinflamatório diclofenaco, o analgésico ácido acetilsalicílico e o bactericida triclosan, empregado em enxaguatórios bucais, são apenas alguns exemplos. A esses se soma uma crescente coleção de cosméticos que engorda o lixo químico que vai parar nos cursos d'água sem receber tratamento algum. "Estima-se que uma pessoa utilize, em média, dez produtos cosméticos e de higiene todos os dias antes mesmo de sair de casa", disse Jardim.

Sem uma legislação que faça as empresas de distribuição retirar essas substâncias tanto do esgoto a ser jogado nos rios como da água deles captada, tem sido cada vez mais comum encontrar interferentes hormonais nas torneiras das residências. Os filtros domésticos disponíveis no mercado não dão conta dessa limpeza. "Os métodos utilizados pelas estações de tratamento de água brasileiras são em geral seculares. Eles não incorporaram novas tecnologias, como a oxidação avançada, a osmose inversa e a ultrafiltração", disse o professor da Unicamp, afirmando acreditar que tais métodos só serão incorporados pelas empresas por meio de uma legislação específica, uma vez que eles encareceriam o tratamento.

Peixes feminilizados

peixes

Uma das primeiras cidades a enfrentar esse tipo de contaminação foi Las Vegas, nos Estados Unidos. Em meio a um deserto, o município depende de uma grande quantidade de água retirada do lago Mead, o qual também recebe o esgoto da cidade. Apesar de contar com um bom tratamento de esgoto, a água da cidade acabou provocando alterações hormonais nas comunidades de animais aquáticos do lago, com algumas espécies de peixes tendo apresentado altos índices de feminilização. Universidades e concessionárias de água se uniram para estudar o problema e chegaram à conclusão de que o esgoto precisava de melhor tratamento.

Alterações como o odor na água são indicadores de contaminantes como o bisfenol A, produto que está presente em diversos tipos de plásticos e que pode afetar a fertilidade, de acordo com pesquisas feitas com ratos no Instituto de Biociências do campus de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Jardim alerta que o bisfenol A é um interferente endócrino comprovado que afeta especialmente organismos em formação, o que o torna perigoso no desenvolvimento endócrino das crianças. Além dele, a equipe da Unicamp também identificou atrazina, um pesticida utilizado na agricultura. Não apenas produtos que alteram a produção hormonal foram detectados na pesquisa, há ainda outros que afetam o ambiente e têm efeitos desconhecidos no consumo humano. Um deles é o triclosan, bactericida empregado em enxaguatórios bucais cuja capacidade biocida aumenta sob o efeito dos raios solares.

Se o efeito individual de cada um desses produtos é perigoso, pouco se sabe sobre os resultados de misturas entre eles. A interação entre diferentes químicos em proporções e quantidades inconstantes e reunidos ao acaso produz novos compostos dos quais pouco se conhecem os efeitos. "A realidade é que não estamos expostos a cada produto individualmente, mas a uma mistura deles. Se dois compostos são interferentes endócrinos quando separados, ao juntá-los não significará, necessariamente, que eles vão se potencializar", disse Jardim.

Segundo ele, essas interações são muito complexas. Para complicar, todos os dados de que a ciência dispõe no momento são para compostos individuais.

Superbactérias

Outra preocupação do pesquisador é a presença de antibióticos nas águas dos rios. Por meio do projeto "Antibióticos na bacia do rio Atibaia", apoiado pela Fapesp por meio de um Auxílio à Pesquisa - Regular, Jardim e sua equipe analisaram de 2007 a 2009 a presença de antibióticos populares na água do rio paulista. A parte da análise ficou por conta do doutorando Marco Locatelli, que identificou concentrações de cefalexina, ciprofloxacina, amoxicilina e trimetrotrin em amostras da água do Atibaia.

A automedicação e o consumo exacerbado desse tipo de medicamento foram apontados por Jardim como as principais causas dessa contaminação que apresenta como risco maior o desenvolvimento de "superbactérias", microrganismos muito resistentes à ação desses antibióticos. Todas essas questões foram debatidas no fim de 2009 durante o 1º Workshop sobre Contaminantes Emergentes em Águas para Consumo Humano, na Unicamp. O evento foi coordenado por Jardim e recebeu o apoio Fapesp por meio de um Auxílio à Pesquisa - Organização de Reunião Científica e/ou Tecnológica.

O professor da Unicamp reforça a gravidade da questão da água, uma vez que pode afetar de inúmeras maneiras a saúde da população e o meio ambiente. "Isso já deve estar ocorrendo de forma silenciosa e não está recebendo a devida atenção", alertou.

domingo, 10 de outubro de 2010

Brasil, país laico?

Inquisição2 

A mídia e a Web, nos últimos dias, têm estado carregadas de tititis sobre as posições dos dois candidatos à presidência a respeito do aborto.

Eu fico muito triste quando vejo que a humanidade não aprendeu nada com os equívocos do passado.

Gente: estamos em pleno século 21 e estamos voltando à Idade Média no tema Estado/Igreja!

No Brasil, desde 1890 com o decreto 119-A foi instaurada a separação entre a Igreja e o Estado, no entanto várias vezes projetos de lei ficaram emperrados por interferente pressão da Igreja (anteriormente era só a Igreja Católica, atualmente Igreja Católica e evangélicas).

A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 19 diz:

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; (negrito meu).

E o que estamos vendo atualmente? O Congresso sendo ocupado por pastores e os partidos políticos alinhavando alianças com os representantes das igrejas para conseguir votos para seus candidatos.

Inquisição

Será que não aprendemos nada com a campanha genocida da Inquisição? Para quem não sabe, nesta época Igreja e Estado eram um só. Ou ainda, nos dias de hoje, com o exemplo do puritanismo retrógrado e hipócrita dos governantes e legisladores norteamericanos, ditados pelas igrejas de lá?

Infelizmente o Brasil sempre copiou os Estado Unidos, no bom e no ruim, e agora estamos copiando a ascensão do poder religioso.

Nada contra as crenças de cada um, mas no momento em que, através do poder, se arvoram em ditadores das leis em nosso país não posso concordar. O Estado precisa ser soberano, sem interferências de qualquer espécie.

O Brasil como Estado laico que diz ser (pelo menos na Constituição) não pode submeter a aprovação de leis à vontade e ao julgamento de religiosos ou igrejas.

Não considero o aborto uma prática elogiável, no entanto a descriminalização do mesmo vai salvar centenas, com o passar do tempo, milhares de mulheres da morte ou incapacitação por seqüelas de abortos realizados nas mais sórdidas condições.

A campanha atual contra isso é tão perversa na sua distorção do mérito que o que está de boca em boca é ser contra ou a favor do aborto e não a descriminalização do mesmo.

São duas coisas bem diferentes. Não confundam alhos com bugalhos.

Ser contra a descriminalização do aborto é pura ignorância ou hipocrisia porque todos nós sabemos que a prática continuará por debaixo dos panos e continuará matando tanto os fetos quanto as mães.

O argumento dos religiosos de o aborto ser contra a vida não se sustenta perante o fato do aborto criminalizado tirar muito mais vidas.

Acordem! Expandam suas consciências.

Imagem:http://www.ufmg.br/online/arquivos/010379.shtml

Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Como você vê o mundo? - Parte 2

espelho

Neste post vamos abordar os fatores psicológicos que interferem na nossa percepção das pessoas e das situações.

Traços de personalidade. Há características ou traços de personalidade que se repetem nos mais variados indivíduos. As pessoas mais observadoras conseguem percebê-lo, contudo a psique humana é muito rica e não há como padronizar os tipos de personalidade.

Então, a personalidade (como a pessoa é) influencia a maneira de perceber. Vou dar um exemplo simples e bem típico: o humor negro. Alguns o acham o máximo e riem à beça, no entanto outros se chocam e não acham a menor graça.

Outros fatores interferentes na percepção são os chamados mecanismos de defesa (mecanismos internos de controle, usados automaticamente, para enfrentar angústia, impulsos agressivos, ressentimentos, frustrações, ec.). Todos nós os utilizamos, uns mais outros menos.

O mecanismo mais primitivo, isto é, mais imaturo é a:

Negação. Ou seja, o indivíduo se recusa a perceber determinado fato ou situação, desejo, pensamento nocivo ou intolerável para o seu corpo ou psiquismo.. Já é bem conhecida a negação como fase inicial nas pessoas que se descobrem portadoras de câncer.

O ditado popular “o amor é cego” também é um exemplo deste mecanismo.

Projeção. O indivíduo atribui a outro traços de caráter, atitudes, motivos ou desejos próprios que renega ou censura. Ex. Uma pessoa bastante agressiva, em uma discussão, dirá ao outro que ele está gritando (embora não esteja) ou sendo agressivo;

A projeção é a melhor explicação encontrada para a hipocrisia que permeia a nossa sociedade como um todo.

Transferência. Aqui a imagem de uma pessoa é identificada inconscientemente com a de outra. O indivíduo “transfere” as características de alguém conhecido anteriormente para outro que está conhecendo agora. Isto é muito subjetivo e essa imagem não é necessariamente o corpo físico, pode ser a expressão facial, um sorriso, o jeito de falar ou gesticular. Assim se explicam nossas simpatias e antipatias aparentemente sem causa.

percepção2

Como vêem na figura acima, a nossa percepção do outro é muita rápida e nesses poucos segundos já podemos, consciente ou inconscientemente tirar conclusões sobre a pessoa. No caso da transferência, é dentro desse tempo que ela já é utilizada.

Crenças. As crenças se estabelecem bem cedo na nossa vida. Na infância os pais ou pessoas que cuidam de uma criança transmitem-lhe conceitos, opiniões e julgamentos sobre os mais diversos tópicos. Logo a seguir vem tios, avós, professores, etc. Como a criança não tem parâmetros para discernir o que lhe convém, vai paulatinamente aceitando o que os adultos lhe dizem ou demostram (atitudes).

Essa é a origem de nossas crenças que organizam e estruturam o mundo em que vivemos.

O problema é que boa parte do que acreditamos está fundado em premissas falsas ou preconceituosas ou resultantes de nossa ignorância.

O ser humano é mestre em tirar conclusões precipitadas, julgar pelas aparências, não ir ao fundo das questões, falar por ouvir dizer, etc. e principalmente em não questionar.

Então, as crenças, por constituírem a maior parte do que somos, influenciam diretamente como percebemos o que nos rodeia. Por exemplo: existe a crença (diminuindo felizmente) de que o homem deve ser forte, não chorar, etc. Quando ele não age assim é percebido como fraco e, por aqueles mais preconceituosos, é percebido como “bichona”.

Já no universo feminino, existe a crença de que a mulher deve ser mãe para se realizar plenamente. As que deixam de ser mães por vontade própria são vistas como “estranhas” ou anormais.

Portanto quando você estiver tirando conclusões muito rapidamente ou julgando uma situação ou pessoa lembre que as suas percepções não são isentas de contaminação por seus conteúdos psíquicos interiores.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Como você vê o mundo?

percepção

O que você vê dentro do copo?

Para expandir a consciência é necessário primeiro entender como funciona a nossa percepção, pois é através dela que tomamos conhecimento de tudo.

Percepção é uma tomada de conhecimento sensorial de objetos ou de fatores exteriores. É uma maneira subjetiva de ver as coisas, segundo a qual selecionamos os elementos presentes, registrando alguns, ignorando outros, alterando e até mesmo introduzindo elementos pessoais.

A nossa percepção depende de vários fatores: fisiológicos, capacidade sensorial, idade, experiência, traços de personalidade, conteúdos inconscientes, contexto geográfico e cultural, etc.

Esses e outros fatores determinam como interpretamos os estímulos que percebemos por intermédio de nossos cinco sentidos.

Na figura abaixo só perceberá o número dentro do círculo a pessoa que tiver visão normal para cores, aquelas que sofrem de deuteranopia (incapacidade para perceber a diferença entre vermelho e verde) não o verão.

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Nesta outra figura ambígua, abaixo, 60% das pessoas vê, primeiramente, uma jovem e 40% vê uma velha (parecendo uma bruxa). Aqui algum componente psicológico se reflete na primeira percepção, depois das duas serem identificadas todos passam a perceber ambas as personagens.

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O objetivo desta exposição é que vocês entendam que embora pensem que todos vivemos no mesmo mundo, não é bem assim, cada um vive no seu mundo particular moldado por suas características que vão desde fatores fisiológicos (surdez, cegueira, daltonismo, etc.) até conteúdos psicológicos. Esse entendimento é de vital importância para a harmonia das relações humanas.

Na medida em que compreendemos que cada um tem sua visão de mundo fica mais fácil aceitar as diferenças de opinião, por exemplo, com isso evitando desentendimentos e conflitos.

Vejamos mais um pouco sobre os fatores interferentes na percepção.

Fatores fisiológicos. Além dos exemplos já citados como cegueira, surdez, etc. podemos citar o papel desempenhado por certas drogas que alteram a percepção: maconha, cocaína, LSD, heroína, etc. Aldous Huxley escreveu um livro bem interessante sobre os efeitos da mescalina onde descreve e analisa suas experiências com a droga : As Portas da percepção.

Foco da atenção. Nosso cérebro não foi desenhado para fixar sua atenção em mais de um estímulo ao mesmo tempo, embora, muitas vezes tenhamos esta impressão. Portanto o foco de nossa atenção é que vai determinar o que estamos percebendo. Tente mostrar ao seu marido ou namorado o novo corte de cabelo no momento em que ele assiste ao futebol na TV – ele não o verá. Não é? rsrs

Motivação. A motivação interfere não só no que nós percebemos, mas é responsável pelas diversas formas com que interagimos com o ambiente e com as pessoas. A comida parece mais apetitosa se estivermos famintos. O tempo demora mais a passar quando, atrasados para o trabalho, esperamos a condução.

Fator cultural. A cultura dos povos exerce profundo impacto na maneira como as pessoas percebem certas coisas. A cor do luto, para nós, é o preto, no Japão é o branco. No ocidente é feio arrotar em alto volume, em certos países do oriente é sinal de aprovação pela iguaria comida.

Contexto geográfico. Para quem vive em lugares de clima tropical ou semi-tropical a neve é somente uma substância fria e branca, contudo para um morador do Ártico existem vários tipos de neve.

Personalidade O mesmo fato para uma pessoa pode parecer triste e para outra - divertido. Quando alguém se “estabaca” em plena via pública, alguns riem, outros mostram expressões de pena.

Em virtude de a percepção variar tanto para diferentes pessoas, diferentes culturas, diferentes circunstâncias, etc., ninguém pode se arvorar em detentor de alguma verdade. Infelizmente vemos o mundo repleto deste tipo. Cuidado!

No próximo post vamos abordar mais detidamente os fatores psicológicos e/ou de personalidade que interferem na nossa percepção.

Até lá.