"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

domingo, 13 de janeiro de 2013

Hábitos viciosos da mente humana

vício mental

Continuando nossa abordagem sobre a mente humana, hoje veremos alguns maus hábitos adquiridos na forma de processar informações por intermédio da cognição.

Lembrem sempre que o ser humano é mais emocional do que racional, “no frigir dos ovos” é sempre a emoção (com raríssimas exceções) que sai ganhando na batalha entre ambas. Portanto nosso cérebro, usando a razão, pode estar processando uma informação, mas inconscientemente nossas emoções estão atuando e interferindo.

Em Psicologia tais erros de julgamento são chamados de viés cognitivo.

A seguir veremos alguns deles conforme o site http://www.jornalciencia.com/top-listas/diversos/1865-top-10-falhas-comuns-na-mente-humana

A falácia de Gambler, também chamada de falácia de jogador, é a tendência para pensar que as probabilidades futuras são alteradas por eventos passados, quando, na realidade, eles não são. Certas probabilidades, tais como a obtenção de uma “cara” quando você joga uma moeda são sempre as mesmas.

A probabilidade de obter uma “cara” é de 50%, não importa se conseguiu “coroa” nas últimas 10 tentativas. Veja um exemplo no jogo de roleta. As últimas quatro rodadas caíram no preto, tem que ser vermelho desta vez. Certo? Errado! A probabilidade de parar no vermelho ainda é de 47,37% (18 pontos vermelhos, divididos por 38 pontos no total). Isto pode soar óbvio, mas esse viés tem levado muitos jogadores a perder dinheiro, pensando que as probabilidades mudam.

Reatividade é a tendência das pessoas a agir ou aparecer de forma diferente quando sabem que estão sendo observadas. Na década de 1920, uma obra em Hawthorne (uma fábrica) encomendou um estudo para analisar se os diferentes níveis de luminosidade influenciavam na produtividade do trabalhador. O que se descobriu foi incrível. Infelizmente, quando o estudo foi concluído, a produtividade voltou para os seus níveis regulares. Isto porque a mudança não foi devido aos níveis de luz, mas porque os trabalhadores estavam sendo vigiados. Isto demonstrou uma forma de reação.

Quando os indivíduos sabem que estão sendo vigiados, eles são motivados a mudar seu comportamento, para se mostrarem com uma aparência melhor. A reatividade é um problema sério em pesquisas e precisa ser controlada com experimentos cegos (quando os indivíduos envolvidos em um estudo de investigação não sabem que estão sendo analisados, de modo a não influenciar os resultados).

A profecia autorrealizável gera comportamentos que levam a resultados que confirmam perspectivas existentes. Por exemplo, se alguém acredita que se sairá péssimo na escola, ela diminui o esforço para fazer suas tarefas. Assim, acaba realmente indo mal, exatamente como pensava. Outro exemplo comum são os relacionamentos.

A pessoa acha que o seu relacionamento amoroso vai falhar, então começa a agir de modo diferente, afastando-se emocionalmente. Por causa disso, realmente é possível fazer com que o relacionamento fracasse..

Fato interessante: As recessões econômicas são profecias autorrealizáveis. Uma recessão se configura após dois trimestres de queda do Produto Interno Bruto (PIB). Sendo assim, você não pode saber que está em recessão até que esteja há pelo menos seis meses em uma. Infelizmente, ao primeiro sinal de diminuição do PIB, a mídia relata uma possível recessão, as pessoas entram pânico, gerando uma cadeia de eventos que realmente causam recessão.

O efeito halo é a possibilidade de que a avaliação de uma característica possa interferir no julgamento de outros fatores, contaminando um resultado geral. Esse viés acontece muito em avaliações de desempenho de funcionários. Por exemplo: um determinado empregado chegou atrasado para o trabalho nos últimos três dias, eu percebi isso e conclui que ele é preguiçoso.

Há muitas razões possíveis pelas quais ele possa ter chegado tarde, talvez o carro quebrou, sua babá não apareceu ou a chuva prejudicou o trânsito. O problema é que, por causa de um aspecto negativo que pode estar fora do controle do empregado, presumo que ele é um mau trabalhador.

Fato interessante: No caso da atração física, isso acontece quando as pessoas assumem que os indivíduos atraentes possuem outras qualidades socialmente desejáveis, tais como sucesso, felicidade e inteligência. Isto se torna uma profecia autorrealizável, quando as pessoas atraentes recebem tratamento privilegiado, como melhores oportunidades de trabalho e salários mais elevados.

A escalada de compromissos é a tendência das pessoas a continuar apoiando os esforços anteriormente fracassados. Com tantas decisões que as pessoas têm de tomar, é inevitável que algumas não deem certo. Claro, a única coisa lógica a fazer nesses casos é mudar essa decisão ou tentar revertê-la.

No entanto, às vezes, as pessoas sentem-se compelidas não só a ficar com a sua decisão, mas também a continuar a investir nela devido aos custos irrecuperáveis. Por exemplo, digamos que você use metade de suas economias para começar um negócio. Após seis meses, é evidente que o negócio não vai dar certo. A única coisa lógica a fazer é desistir. No entanto, devido aos custos já gastos, você se sente comprometido com o negócio e investe ainda mais dinheiro para o projeto na esperança de que a situação se reverta.

Reatância é o desejo de fazer o oposto do que alguém quer que você faça, numa necessidade de resistir a uma tentativa de alguém restringir sua liberdade de escolha. Isso é comum com adolescentes rebeldes, mas qualquer tentativa de resistir à autoridade, devido às ameaças à liberdade, é uma relutância. O indivíduo pode não ter a necessidade de executar o comportamento específico, mas o fato de que ele não pode fazê-lo o faz querer.

Fato interessante: A psicologia reversa é uma tentativa de influenciar as pessoas que utilizam reatância. Diga para alguém (especialmente crianças) para fazer o oposto do que você realmente quer e eles vão se rebelar e acabar por fazer o certo.

Mentalidade de rebanho (já visto aqui neste post) é a tendência a adotar os comportamentos da maioria, para sentir mais segurança e evitar conflitos. Em sua forma mais comum, o sujeito agrega roupas, carros, hobbies, estilos para se identificar com um grupo de pessoas.

Fato interessante: As coisas que são pouco atraentes, não parecem legais ou populares acabam ganhando seguidores devido à mentalidade de rebanho. Os exemplos incluem as calças pára-quedas, pedras de estimação, tainhas, sutiãs de cone e outras coisas mais.

Para finalizar deixo aqui as palavras de um sábio (Bodhidharma, que foi um grande mestre zen do século VI):

“Usar a mente para buscar a realidade é ignorância. Não usar a mente para buscar a realidade é conhecimento. Liberar-se mesmo das palavras é liberação. Quando a mente deixa de mover-se, penetra no nirvana. Nirvana é uma mente vazia. Qualquer um que saiba que a mente é uma ficção e está vazia de qualquer coisa real, sabe que sua própria mente existe e não existe.

Se utilizares tua mente para estudar a realidade, não entenderás nem tua mente nem a realidade. Se estudares a realidade sem utilizar a mente, entenderás ambas.

Quando compreendes, então a realidade depende de ti. Quando não compreendes, és tu quem depende da realidade. Quando a realidade depende de ti, o que não é real se converte em real. Quando és tu quem depende da realidade, o que é real se converte em falso. Quando dependes da realidade, tudo é falso. Quando a realidade depende de ti, tudo é verdade.” (http://budacuantico.blogspot.com.br/2010_11_01_archive.html )

Imagem: opoderdamente.com

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Estar ciente ou estar consciente? Qual a diferença?

estar consciente

O tema de hoje é bastante complicado, até porque traz conceitos pouco conhecidos. Espero me fazer entender.

É sobre o que é ter consciência e não simplesmente ter ciência (saber ou conhecer ou ter percepção).

Encontrei um texto de um psicólogo americano (Dr. Arthur Janov) que explica bem a diferença:

A Psicoterapia tem estado no negócio ter ciência por muito tempo. Desde os tempos de Freud temos deificado insights. Estamos tão acostumados a apelar para o córtex frontal todo poderoso, a estrutura que nos fez os avançados seres humanos, que esquecemos de nossos preciosos antepassados, seus instintos e sentimentos. Nós podemos enfatizar como o nosso neocórtex é tão diferente de outras formas animais enquanto desconsideramos nosso aparato de sentimentos compartilhados mutuamente. Precisamos de uma terapia de consciência, não de ciência (estar ciente). Se acreditarmos que temos um Id a estufar dentro de nós, não há nenhum tratamento adequado porque a causa é uma aparição, um fantasma que não existe. Ou pior, é uma força genética que é imutável e, portanto, não pode ser tratada. Em qualquer caso, nós somos os perdedores.

Não há nenhuma impotência tal como ser inconsciente; correndo à volta com dilemas sobre o que fazer sobre isso ou aquilo, sobre problemas sexuais, hipertensão arterial, depressão e explosões de temperamento. Tudo parece ser como um mistério. À pessoa ciente ou que procura a ciência (conhecimento) tem de ser dito tudo. Ele ouve, obedece — e sofre. Conhecimento ou constatação não nos faz sensível, empático ou amoroso. Faz-nos cientes de porque não podemos ser. É como estar ciente de um vírus. É bom saber qual é o problema, mas nada muda. O melhor que o estar ciente pode fazer é criar idéias que negam a necessidade e a dor.

Ciência não é a cura; a consciência o é. A verdadeira ciência consciente significa sentimentos e, portanto, humanidade. À pessoa consciente não é preciso ser dito sobre suas motivações secretas. Ela as sente e não são mais secretas. Consciência significa pensar o que sentimos e sentir o que pensamos; o fim de uma existência dividida e hipócrita. Ciência não pode fazê-lo porque tem de mudar a cada vez que há uma nova situação. É por isso que a terapia cognitiva é tão complexa. Ela tem de seguir cada nova mudança na estrada. Tem que combater a necessidade de drogas e depois batalhar a incapacidade de manter um emprego e ainda tentar entender porque relacionamentos estão caindo aos pedaços. Isso também explica porque a terapia convencional leva tanto tempo; cada avenida deve ser percorrida de forma independente.

A consciência é global; ela se aplica a todas as situações, engloba todos aqueles problemas de uma só vez. O verdadeiro poder da consciência é levar a uma vida consciente com tudo o que isso significa: não estar sujeito a comportamento descontrolado, ser capaz de se concentrar e aprender, capaz de ficar quieto e relaxar, ser capaz de fazer escolhas que são saudáveis, a escolha de parceiros que são os mais saudáveis e acima de tudo, ser capaz de amar.” (http://cigognenews.blogspot.com.br/2008/09/difference-between-awareness-and.html )

Enfim, estar consciente é ter sentimentos a respeito de algo, não é meramente um processo cognitivo, é mais amplo.

Quando apenas estamos cientes de algo, usamos o hemisfério cerebral esquerdo, o responsável pelo pensamento lógico. Estar ciente conscientemente é ter ambos os hemisférios cerebrais trabalhando em harmonia.

Como seres humanos complexos que somos, muitas vezes estamos conscientes de situações ou problemas externos, como a fome no mundo, por exemplo, mas não estamos conscientes do que se passa em nosso psiquismo, o por que de estarmos sofrendo neste momento de nossas vidas. Ou vice-versa: aqueles mais centrados no próprio umbigo têm consciência do que vai em seu interior, mas estão se lixando para o que vai pelo mundo com seus congêneres irmãos.

Se quisermos evoluir como pessoas é preciso estarmos conscientes não só de nós mesmos como também do mundo em que vivemos, do que acontece com nossos irmãos de jornada.

Aqui no blog você encontra textos para ajudá-lo a expandir sua consciência em vários aspectos. Sinta-se à vontade para garimpá-los.

Imagem: psicologia1.com.br

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