"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Loucura contagia?

histeria coletiva

Por incrível que pareça a resposta é sim se levarmos em conta o fenômeno psicológico chamado histeria coletiva.

A histeria coletiva é um fenômeno antigo. Também é conhecida como doença psicogênica de massa. Caracteriza-se por um grupo de pessoas apresentarem sintomas, perturbações ou reações semelhantes, de forma solidária a qualquer fato, imaginário ou exagerado. É mais comum apresentar-se em pessoas que dividem o mesmo espaço físico, como empresas ou escolas, mas pode acontecer também em qualquer lugar.

Um dos casos mais conhecido, chamado de “a praga da dança”, foi o ocorrido em Estrasburgo, no ano de 1518 quando centenas de pessoas dançaram até cair de exaustão ou mesmo morrer. Começou quando uma moradora da região começou a dançar na rua, aparentemente sem motivo e sem qualquer música tocando. Em uma semana, 34 pessoas já haviam se juntado à dançarina e em menos de um mês havia mais de 400 pessoas dançando freneticamente nas ruas.

Aqui no Brasil há a história do Cine Oberdan ocorrida em abril de 1938 em São Paulo. Segundo relatos de presentes no local, um pânico tomou conta de uma das salas do cinema por conta de um grito de fogo. Houve mais de 30 mortes e após a investigação ficou constatado que nunca houve o menor sinal de incêndio no local.

Em 2010, uma escola no interior do Ceará teve suas aulas interrompidas após um caso de surto coletivo. Dezenas de alunos entre 12 e 19 anos diziam ver o espírito de um estudante que havia morrido. Os adolescentes entravam em um tipo de transe ao estar dentro da escola. O caso foi estudado por psicólogos, parapsicólogos e até um padre. Após certo tempo, assim como começou o fenômeno desapareceu.

Bem mas o que vem a ser histeria? Segundo Freud, é uma neurose que se apresenta em duas formas:

Na histeria conversiva haveria um conflito inconsciente, uma ansiedade que não consegue emergir para o consciente por mecanismos repressivos da própria mente (Superego) mas que contém uma energia que precisa se manifestar e acaba eclodindo como um sintoma físico que mantém uma relação simbólica com o conflito. Ex. Se eu sinto muita vontade de bater em meu pai, pelo ódio que sinto dele, meu braço vai ficar paralisado (afinal é “errado” odiar o pai).

Na histeria dissociativa, um estímulo é sentido de forma tão intensa que quebra a funcionalidade da própria mente, desequilibrando-a e levando a pessoa a atos dissociados da realidade que a cercam, por maior ou menor tempo. Ex. Gritar loucamente e subir na cadeira ao ver uma barata.

Então, na histeria, há uma tensão e sofrimento não verbalizados e o material recalcado vem disfarçado sob a forma de um sintoma corpóreo.

A sociedade ocidental sempre foi muito reprimida, principalmente na área sexual, portanto em cultos religiosos pessoas rodopiam, gritam, pulam, caem, riem, dançam e falam em línguas estranhas (que eles dizem que é língua dos anjos). Contudo a histeria coletiva também se manifesta em campos de futebol e shows de rock.

A histeria coletiva é uma coisa perigosa, vai desde vandalismo em manifestações públicas até linchamentos.

Precisamos ter consciência que somos seres altamente influenciáveis pelo grupo. Uns mais, outros menos, mas todos o são.

Imagem: megacurioso.com.br

Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.

Um comentário:

Atena disse...

Obrigada, Tiozão.
abraços