quarta-feira, 16 de junho de 2010
O tripé da tragédia humana: medo
O ser humano é um ser mergulhado em medos. Já na infância os pais vão ensinando aos filhos a ter medos: medo de fogo, medo de facas, das tomadas elétricas, de altura, etc. É correto que assim o façam porque estão protegendo seus filhos de possíveis acidentes. Vejam bem: possíveis, não predestinados a acontecer, mas como é que os pais falam às crianças?
“Sai de perto do fogão senão vai se queimar!” E não: “Sai de perto do fogão senão pode se queimar.”
Via de regra, os adultos transmitem às crianças possibilidades como sendo algo predeterminado. Crianças não têm como avaliar a veracidade do que ouvem, tendem a acreditar no que os adultos dizem e aí começam a se instalar as crenças e grande parte delas vai se aninhar no inconsciente.
Bem, mas qual é origem todos os nossos medos?
A principal é o medo que toda a humanidade tem de não voltar à Fonte (o Criador), mas como quase que a totalidade sequer sabe que faz parte da Fonte, canalizou esse medo para a morte, o grande desconhecido. Então podemos dizer que a maioria dos medos está concentrada na sobrevivência: medo de se ferir, de ficar doente, de não ter o que comer, de não ter um teto. Também há a considerar a sobrevivência do “eu” ou ego. Aí vem os medos de: ser ignorado, rejeitado, não amado, humilhado, ofendido, etc.
O medo da morte também está associado ao medo do desconhecido numa escala mais ampla. Uma considerável parte da humanidade rejeita ou tem dificuldades com as mudanças por esse medo ao desconhecido.
Já presenciei cenas do tipo: “- Cara, você está se destruindo, sofrendo prá burro e não faz nada para mudar isso?” E o “cara” não faz nada! Até diz que está tentando...
Mas é assim mesmo que funciona a psique humana: está sofrendo, mas aquela situação é conhecida, pode ser manejada ou controlada. Se mudar, o que poderá acontecer? Como reagirá, como enfrentará? Que ferramentas haverá para auxiliá-la?
Para finalizar, vamos ver algumas dificuldades humanas, todas baseadas no medo.
- Inveja. Medo de não ter ou não ser o que o outro tem ou é.
- Cinismo. Medo de se abrir, de ser autêntico.
- Arrogância. Medo de deixar transparecer a falta de auto-estima (o quão pequeno se sente lá no fundo).
- Agressividade. Medo de demonstrar fraqueza ou medo de ser atacado.
- Machismo. Medo do poder de sedução das mulheres. Elas são poderosas. hehehe...
- Perseguição (muito comum no ambiente empresarial). Medos diversos, desde perder o cargo, por exemplo, o status pessoal, seja lá qual for, a ...sei lá. A complexidade do comportamento humano não permite se descobrir ou prever tudo.
O exposto tem o objetivo não só de ajudar no autoconhecimento como também lembrá-lo de não julgar tão sucintamente alguém que esteja sendo arrogante, agressivo, etc. com você. Ele está fazendo isso porque está com medo.
5 comentários:
Existe um medo,acho eu, Atena, que vem de fábrica: Auto-preservação. Será que tá incluído mas camuflado entre aqueles citados? Acho tb que esse desejo de se manter "inteiro", seja a mente ou o físico,acaba destrinchando e espalhando o que deveria ser um conjunto... Um exemplo disso, é que uma pessoa mau-caráter,na verdade nem caráter tem,pq não existe meio-bem ou meio-mal; ou se é grande inteiro ou,não se é nada,sendo pequeno...
Dizem que grandes atos de heroísmo são motivados pelo medo; nesse ponto,volto à questão da auto-preservação: no fundo, ou é puro medo ou é pura coragem... Meio termo não traria bons resultados; e muito menos, um resultado heróico. Outro dia a gente continua esse papo, pq isso é coisa "inteira"... Um abraço pra vc.
Muito bom seu texto.
Você tem toda razao, aqui estao várias das causas para que tenhamos, no futuro, reaçoes tao distorcidas da realidade e, principalmente, uma grande incapacidade para a aceitaçao de nossas limitaçoes, frustraçoes e conquistas, especialmente, frente às limitaçoes, frustraçoes e conquistas dos outros.
Grande abraço e sucesso!
Gostei do texto. Realmente faz refletir.
O medo, principalmente do que não se entende, atrasa muito a humanidade. É verdade que serve como instinto de preservação (medo de morrer), mas ao mesmo tempo pode impedir avanços do indivíduo e da sociedade.
Parabéns pela reflexão que trouxe.
Abraços, Fernandez.
Tão vendo como vocês, leitores enriquecem o blog?
Muito obrigada pelas contribuições.
Realmente este tema dá "pano prá manga" rsrsrs
Além de tudo isso tem o medo coletivo que leva ao ódio, às guerras, que está ligado ao que vc falou mas em grande escala. O medo do outro país se tornar mais forte e portanto uma ameaça... É tudo inveja, arrogância, agressividade, perseguição... E tudo isso está também ligado à origem de estereótipos: o negro, a loira burra, o gay... Táticas de enfraquecer o q parece ser ameaçador.
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