"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Até onde vai o radicalismo e o fanatismo?

fanatismo

Já postei aqui sobre a polarização que está aumentando no mundo. Hoje vamos examinar um outro fenômeno que está ligado à ela e em franco crescimento: a radicalização e o fanatismo.

Quando assistimos os noticiários ou lemos as manchetes na imprensa escrita percebe-se que cada vez mais pessoas e/ou grupos estão apresentando atitudes radicais, extremistas e, muitas vezes, fanáticas.

Há poucos dias acompanhamos um atentado terrorista no shopping do Quênia que durou 5 dias, com um saldo em torno de 100 mortos.

No Iraque seguem acontecendo explosões quase que diárias, sempre matando civis. Na Síria ficamos sabendo do uso contra civis, incluindo crianças, de uma arma altamente letal, a arma química.

Nos Estados Unidos, por incrível que pareça, ainda existem grupos que combatem pela supremacia branca, hostilizando negros e latinos que vivem por lá.

Tudo isso me faz lembrar do período nazista. É tão comum lermos ou ouvirmos dizer que precisamos lembrar do holocausto para que nunca mais se cometa o mesmo erro. Bem, a bestialidade de Hitler por acaso não está presente em extremistas como Bashar al Assad? Acho que não é necessário matar seis milhões para que se configure um holocausto. Diariamente, ao redor do mundo, vemos a barbárie se manifestando em doses menores, mas matando igualmente inocentes e até crianças.

Parece que como agora cada matança é de menor número de pessoas, está tudo bem e não se eleva nenhum clamor mundial.

Já aconteceu de, assistindo na TV, cenas de batalhas entre islamitas eu os ouço gritar enquanto matam seu oponente: Allah u akbar, ou seja, Deus é grande. Caramba! Falar em Deus enquanto mata? O que que é isso??? Só existe uma resposta - fanatismo calcado em ideias completamente distorcidas.

Como blogueira, costumo visitar outros blogs e sites para me manter atualizada e volta e meia fico pasma com o que vejo de manifestações radicais e fanáticas. Por exemplo, percebo isso frequentemente em comentários de crentes religiosos. Até agora não li nenhuma colocação deles que se mostrasse racional. Outro exemplo são as manifestações de caráter político dos esquerdistas de carteirinha e dos direitistas empedernidos. Cada qual só consegue enxergar o que de negativo há no outro. O meio termo parece não existir.

Oh céus, onde andam a razão e o bom senso? Desistiram do ser humano? rsrs

Sei perfeitamente, por minha profissão, que a emoção tem a tendência a dominar o ser humano, mas que também pode ser administrada pela razão, pelo raciocínio. Com o passar dos anos os indivíduos vão amadurecendo e consequentemente usando mais a razão. Pelo menos isso é o que se espera que aconteça a pessoas consideradas dentro do padrão de normalidade. Claro que sempre há exceções, mas o que me causa estranheza é que atualmente parece que a exceção está virando regra.

Ultimamente tenho acompanhado um debate entre pessoas que se classificam como agnósticos e ateus e tenho observado o quão pouco racionais são alguns ateus que se dizem altamente esclarecidos e mestres no uso da razão. Chega a ser patético a quantidade de argumentos que usam para “provar” suas ideias (crenças, na realidade) e que não se sustentam com uma análise mais refletida.

Radicais, fanáticos, extremistas, todos eles se consideram os donos da “verdade” e se acham cheios de “certezas”, como se isso fosse possível no atual estágio de nossa evolução.

Para eles eu deixo um pensamento de Bertrand Russell:

“Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.”

Pessoal: lembrem que apesar de já termos chegado à lua, ainda somos todos muito, mas muito ignorantes para nos darmos ao desplante de dizer que temos certeza de algumas coisas ou que somos os detentores da verdade absoluta. Essa - não existe! Ainda falta um bom tempo para que a humanidade como um todo tenha alcançado uma consciência mais desenvolvida que não permite fanatismos.

Imagem: dicalinks.com

Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.

12 comentários:

Beth Muniz disse...

Oi Mestra!
Há 2.500 anos, um sábio chinês escreveu: “Se você conhece o ‘inimigo’ e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas”.
Quem afirmou isso? Sun Tzu – A Arte da Guerra.

O problema dos fanáticos é que ele não conhece e nem se dispõe a conhecer, nem a si, e muito menos aos outros.

Conhecer o outro significa identificar a necessidade de ter que despir-se dos dogmas e preconceitos.

O que não é uma tarefa das mais fácies. Rsrsrs

Mas, na tentativa e erro, que desejar, lá chegará.

Beijo,
Obrigada pelas travessias e comentários.

Atena disse...

Oi, Beth:
O livro citado tem muito a ensinar a fanáticos e extremistas, mas parece que por eles não é lido.
Sim, percebo nos fanáticos muita falta de conhecimento sobre si mesmos, o que é lastimável, pois o autoconhecimento é fundamental para nosso crescimento pessoal.
beijos

Jackie Freitas disse...

Olá minha queridíssima Atena!
Em primeiro lugar, parabéns! Como é prazeroso ler os seus textos!
Esses dias estava conversando com uma pessoa sobre essas tragédias urbanas e também comentava sobre os "pequenos holocaustos" que testemunhamos diariamente... Perguntei: "será que estamos realmente vivendo os tempos finais?".
Tanta "evolução" nos sistemas de comunicação e informação e as pessoas cada vez mais distantes umas das outras, presas em seus conceitos, acreditando em suas próprias verdades e as fazendo absolutas. Lamentável, infelizmente... Bem, acho que Sócrates escreveu que sábio que é sábio, sabe que nada sabe e é aquele que conhece os limites de sua própria ignorância... Pois bem, amiga, estou vivendo nos limites de minha ignorância, tentando entender o que me cerca... E cada vez mais questiono se estou sendo sábia ou apenas anestesiada com tudo...
Grande beijo, minha querida!
Jackie

Atena disse...

Oi, Jackie:
Que prazer é receber sua visita.
Não, pelo que já percebi sobre você, não é o tipo de pessoa que fique anestesiada. Você se encontra entre a minoria consciente.
Realmente estamos vivendo tempos difíceis e desafiadores e pessoas conscientes sofrem com isso.
Pelo andar da carruagem acho que ainda vai piorar antes de começar uma nova era mais humana. Enfim... aguardemos.
Beijos e obrigada pela visita

Atena disse...

Oi, Tiozão:
Obrigada pelo apoio.
abraços

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Atena disse...

Andyserj:
Agradecida pelo apoio.
Visitarei seu blog, sim.
abraços

Atena disse...

Luz13:
Obrigada pela recomendação. Eu,pessoalmente, já conheço o trabalho de Aline.
abraços

Desaba Devaneios disse...

Faz um tempo,vi uma imagem que mexeu comigo na internet.Estava pesquisando sobre o ocorrido na Síria,e me deparo com uma imagem de um homem sendo degolado!Nessa imagem estava estampado o rosto do rapaz sendo segurando por algumas mãos.E o que me deixa mais aflito nessa questão Atena,é que hoje em dia as pessoas até se assustam,mas parece que a imprensa usa tantos artifícios para repassar os fatos,que parece que tudo e todos estão anestesiados!É impressão minha,ou a vida está se tornando algo tão banal que nada mais choca?
bj

Atena disse...

Victor:
Tenho pensado neste assunto: a vida tornou-se banal? Ainda não cheguei a uma conclusão. Parece que para muitas pessoas tornou-se sim.
Ainda ontem estava pensando que no reino animal eles não matam os da mesma espécie, quando muito, às vezes, acaba algum morto numa disputa entre machos visando a mesma fêmea ou outras vezes defendendo território. Contudo parece que a incidência não é grande. Só a raça humana mata constantemente os da mesma espécie. Isso me deixa profundamente triste, mas fazer o que?
Enquanto a consciência não evoluir ...

LUIZ disse...

Conheci o blog hoje e gostei muito, parabéns.
Bom eu creio em Deus e também faço as mesmas perguntas diante o "fanatismo" religioso. Este sim é a máxima da "dissonância cognitiva" que um indivíduo pode desenvolver(vi primeiro o post mais recente).Apesar do fato de haver corroboração bíblica, um prenúncio "apocalíptico" para esse "esfriamento" do amor a vida.
Jamais aceitarei as desgraças deste mundo com o "conformismo profético cristão". Visto que pra mim o único "dogma" de Cristo foi amar o próximo.
Abração.

Atena disse...

Luiz:
Continue por esse caminho: o ensinamento do Cristo que foi o amor. Só ele é real, o resto tudo é coisa criada pelos humanos, na sua imensurável ignorância.
abraços