"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cinismo e eleições

cínicos

Em tempos de eleição a gente vê, através dos meios de comunicação, diversos exemplos de cinismo totalmente explícito. E o pior é que não há punição para os cínicos de plantão, pois o cinismo não consta como delito nos nossos códigos jurídicos.

“O Cinismo foi uma escola filosófica grega criada por Antístenes, seguidor de Sócrates, aproximadamente no ano 400 a.C., mas seu nome de maior destaque foi Diógenes de Sínope. Estes filósofos menosprezavam os pactos sociais, defendiam o desprendimento dos bens materiais e a existência nômade que levavam.” (Ana Lucia Santana)

Como a palavra chegou ao significado atual, a História não tem registro, provavelmente foi se deturpando aos poucos. Bom, mas hoje, além de se referir à escola filosófica, o dicionário diz o seguinte sobre o cinismo: “impudência, desvergonha, descaramento.” (Dicionário Aurelio)

Também é empregado como indiferença ao sentimento e sofrimento alheios. A História apresenta vários cínicos famosos, na política, na filosofia, nas letras, etc. Sem pensar muito, lembro de dois que quase me contaminaram com seus pensamentos derrotistas e doentes quando eu era adolescente: Nietzsche e Oscar Wilde.

Eis aqui alguns exemplos do cinismo de ambos:

De Oscar Wilde:

“Não deixe de perdoar os seus inimigos – nada os aborrece tanto.”

“O cinismo não é mais do que a arte de ver as coisas como elas são de preferência a de como deveriam ser.”

“As tragédias dos outros são sempre de uma banalidade exasperante.”

“Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.”

De Nietzsche:

“O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.”

"Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos."

“Nome da mãe da moral: medo.”

“Se se quer ser alguém, deve venerar-se a própria sombra.”

Nunca me dei ao trabalho de pesquisar a vida do Nietzsche, então não sei os motivos de seu derrotismo e pessimismo, mas de Oscar Wilde eu sei alguma coisa. Ele era homossexual e passou por maus bocados devido a isso já que viveu durante a época Vitoriana que se tornou famosa por causa dos excessos puritanos.

O cinismo é uma máscara usada para encobrir baixa auto-estima e/ou medo. Quanto à primeira acho que não preciso explicar, está obvio. Já o medo, pode ter vários motivos.

Pode ser o medo do indivíduo não achar que os demais acreditam na imagem perfeita que ele tenta passar ao mundo.

Pode ser medo de perdas: financeiras ou de poder, por exemplo.

Medo de perda do ser amado (ainda não conquistado) e - por quê? Por baixa auto-estima.

Medo de perda de posição social, reconhecimento ou honrarias.

Medo da própria capacitação sexual. As baladas noturnas estão repletas desse tipo de cínicos. Tanto homens quanto mulheres, só o que os difere são as formas de cinismo.

Medo da finitude – da morte daquelas pessoas que não tem o respaldo de uma crença espiritual.

Enfim, medos de vários tipos e várias razões.

Então, não sejam muito duros com os nossos políticos, o que eles merecem é compaixão, pois resolveram experienciar nesta vida atitudes nada edificantes como ganância, falsidade, hipocrisia, desonestidade, demagogia e egocentrismo e terão de voltar para resgatar o carma que geraram.

Pode ser que um dia, num futuro e alvissareiro dia, a totalidade dos políticos seja de pessoas íntegras.

Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.

11 comentários:

Marivan Oliveira disse...

Somente uma República Popular, saída de um processo revolucionário, poderá efetivamente corresponder aos verdadeiros anseios democráticos de terra, emprego, saúde, educação e justiça. Fora disso, são as mentiras, o cinismo e a hipocrisia imperante.

Atena disse...

Olá pentecostal;
concordo com você quanto aos anseios da população, mas não entendi o que quer dizer com República Popular.

Unknown disse...

Olá Atena.
Post publicado .
Até mais.

Anônimo disse...

O cinismo também foi e é uma arma valida de vencer a censura crescente dos detentores do poder tentam impor. Nas ditaduras onde os políticos de todos os partidos se unem e nos apresentam um grande circo de ilusões de estarem brigado entre si , enquanto dividem nossos impostos temos o cinismo e o humor são armas validas.

Atena disse...

Anônimo:
Concordo com você em relação ao humor. O Brasil tem conseguido sobreviver razoavelmente bem devido à alegria e humor de seu povo. Agora, cinismo já me parece uma arma de defesa que não traz benefícios nem para um lado nem para o outro. É igualar-se àqueles aos quais reprovamos, não é?
Dê uma refletida sobre isso.

Eduardo Medeiros disse...

Atena, só discordo com a sua conclusão. Essa teoria do carma é muito cômoda. Ou seja, conforme-se ao seu mal caratismo por que afinal de contas, você não pode ser diferente, visto que o que você faz é resultado de suas vidas anteriores.

Creio ser bem melhor chamar as pessoas para o que elas fazem de mal e que venham a se conscientizar dos seus maus caminhos.

"Seu Paulo Maluf, por que o Sr rouba tanto dinheiro público?"

"É que eu não posso fazer diferente, a culpa é do meu carma..."

Se eu entendo erradamente a doutrina do carma, por favor, desconsidere o que eu falei.

abraços

Atena disse...

Vixi, Edu, essa estória de carma é uma roubada muito grande. Eu ainda não postei sobre este assunto porque as informações que tenho ainda não estão sedimentadas.
Mas, do que já sei, isso foi criado pelos humanos, muito tempo atrás, portanto está no nosso DNA. A nível inconsciente todo mundo crê em carma.
Agora, não quer dizer que devemos aceitar o mau-caratismo com a desculpa do carma. Se eu acreditasse nisso não postaria certos textos que você encontra aqui.
O carma não facilita a vida de ninguém, pelo contrário.Dá mais responsabilidades porque não adianta você cometer crimes e depois, se arrependendo, ser salvo.
É tipo: escreveu, não leu, o pau comeu. Se não na mesma vida, na próxima ou próximas, dependendo do que a criatura fez.
Devemos, sim, alertar as pessoas para "se comportarem bem", contudo não podemos interferir em seu livre arbítrio. Com o carma a própria criatura vai se encarregar de se corrigir.
É um tema muito amplo e complexo, fica difícil expor todo aqui.
Grata pela presença e grande abraço.

Eduardo Medeiros disse...

"O carma não facilita a vida de ninguém, pelo contrário.Dá mais responsabilidades porque não adianta você cometer crimes e depois, se arrependendo, ser salvo."

Ora, amiga, e não é desejável que alguém que cometeu um crime de fato se arrependa e não venha a matar mais ninguém?

Atena disse...

Edu:
Acho que me expressei mal. O que quis dizer é que muitas pessoas agem mal porque acreditam que depois vão se confessar com o padre, ou pastor e ficará tudo bem. Um arrependimento real é bem vindo, mas não garante que tal pessoa nunca mais cometerá um crime. É opinião dos entendidos em criminologia que quem matou uma vez é mais propenso a repetir o ato do que quem nunca o fez.
Existem arrependimentos para toda a vida, mas também arrependimentos de mais curta duração. Por causa de tudo isso é que o carma, na visão humana, traz mais responsabilidade.

Ronaldo disse...

Ótima construção da ideia! Argumentos bem elaborados, porém alguns julgamentos com ar imperativo! A meu ver as figuras de Wilde e Nietzsche ficaram um tanto quanto satirizadas e discriminadas, com julgamentos de valor indevidos, principalmente quando o tema é Cinismo! Dizer que "nunca se deu ao trabalho de pesquisar a vida de Nietzsche" é a prova maior que o comentário sobre frases atribuídas a ele esta indevido!

Atena disse...

Ronaldo:
Você está com a razão.
Relendo meu texto agora, considero que foi subjetivo e talvez preconceituoso.
Contudo lembro bem da época em que li Nietzsche e ele me contaminou negativamente. Deu-me uma visão muito pessimista da humanidade. Ainda bem que evoluí e agora penso diferente.
Não nego o brilhantismo de nenhum dos dois, mas tenho quase certeza que ambos foram pessoas doentes psiquicamente falando.
Obrigada pela visita.