"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O culto da feiúra

 

pixação

A feiúra me incomoda, talvez porque inconscientemente eu a associe ao “estar separado da Divindade”. Sim, para mim o divino é sinônimo de beleza. Loucura minha? Talvez ...

Desde criança a beleza me emocionou e extasiou. Lá na infância eu procurava a beleza nas flores. Cedo elegi minhas preferidas: a orquídea e o amor-perfeito. Existem orquídeas tão lindas de tirar o fôlego. Juntamente com a beleza visual, amava também a beleza da música. Aos seis anos de idade já adorava óperas e sinfonias.

Não sei bem quando começou, se na década de 70 ou 80, mas devagarzinho a moda começou a ficar feia. Notei que a juventude começou a usar um uniforme para todas as ocasiões: T-shirts e jeans ou T-shirts e bermudas.

Uns bons anos depois a moda dos rapazes adolescentes chegou ao auge da feiúra e ridículo: usar as calças ou bermudas bem abaixo da cintura. Aqueles fundilhos quase nos joelhos me dão uma vontade incontrolável de rir – para não chorar de tristeza.

Sim, tristeza porque o mundo está feio. Na moda, os calçados absolutamente medonhos (plataformas), nada femininos, que deixam as mulheres com pés de elefantes e um caminhar muito estranho. Nem as modelos de passarela conseguem caminhar direito com eles. Calças justas, de malha (não sei o nome porque nunca comprei uma. Será que é legs?), roupa criada exclusivamente para corpos perfeitos, mas que o mulherio todo usa ressaltando as gordurinhas quando não são as banhas mesmo.

E a moda de arrombar os lóbulos das orelhas e cobrir o corpo com tintas escuras e tétricas? (rsrsrs)

Na música, criou-se o tal de rap, que podem até ser chamados de versos com ritmo, mas nunca de música. Alguns têm letras interessantes e inteligentes, pelo menos. E o funk? Repetindo indefinidamente os mesmos compassos? Não consigo ouvir por cinco minutos sequer. E a forma de dançar das mulheres, como se estivessem evacuando em pé ritmadamente? Sei que gostos variam, mas esse modo de dançar ofende o meu senso estético.

Atualmente a feiúra está por toda parte. Como está a sua cidade com a pichação? E o lixo jogado em vias urbanas e córregos?

Em 1985 ou 1986 fui numa Bienal em São Paulo. Saí da exposição passando mal. Causa: excesso de estímulos visuais horrendos.

O motivo deste assunto é para chamar a atenção para algo interessante: junto com a feiúra veio também o aumento da grosseria, da violência, da falta de respeito, do individualismo exacerbado ... Por que será?

A Psicologia nos ensina que conforme está o nosso interior isso se refletirá no nosso exterior, mas acho que o inverso também é verdadeiro.

Então aí vai uma frase para colocar nos anais do conhecimento humano: .(rsrsrs)

“Pessoas feias, interiormente, criam um mundo feio e um mundo feio torna as pessoas feias.”

Reflitam sobre isso.

Foto:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMxykYn2p6eY_Z9BLu53ouRJDx_oIQLwca6YynJtCbYIfZYzJpe5FE5jOqYo4Cvc1geTwUPc5zW5KURXi_-KiEbAK6F0BDbmNYWn-gCgp2Zh4TeFLIc6GZnE9o0yeunXS2bKKzfYllvc8/s400/pixacaoselim.jpg

20 comentários:

Anônimo disse...

Amiga Atena, concordo, INFELIZMENTE é uma dura realidade!
Parabéns um ótimo post!

Unknown disse...

Interessante. Eu nunca liguei muito para a moda.

Normalmente eu nem sei o que está na moda. srsrs.

Acho que isso contribuiu para meus tempos de escola terem sido complicados. Afinal era uma das coisas que me tornavam diferentes. srsrs

Anônimo disse...

Concordo com seu texto plenamente.

Mas só um toque: desde janeiro de 2009 a palavra "feiura" não tem mais acento.

Atena disse...

Obrigada pelo toque Anônimo. Eu estava na dúvida, mas como o Word acentuou... Vou ter que atualizá-lo.

Valéria Mello disse...

Com ou sem acento, seu texto é ótimo! E o racíocinio tem coesão e ritmo.

Eu fico daqui pensando.. antes podíamos dizer: quem ama o feio, bonito lhe parece. Mas e hoje? Quem ama o avacalhado, avacalha com a mente? Sei não. Ta na hora de rever os conceitos....

Bjs

Esdras Gregório disse...

Nao ia comentar mas só ler, mas como voce tocou no assunto filosofico do sapato de plataforma rsrs eu nao aguentei. Meu deus existe coisa mais feia do mulher de sapato de plataforma? se existir nao me mostrem, por favor.

Atena disse...

Valéria:
Considero-me uma escrivinhadora apenas e esse elogio vindo de alguém como você, uma jornalista, me deixa mais animada a continuar escrevendo. Obrigada.

Atena disse...

Gresder:
Não sabe como agradeço seu comentário. Precisava da opinião de alguém do sexo masculino sobre essas malditas plataformas. Acho que o mulherio precisa ouvir mais a opinião dos homens sobre moda.

Eduardo Medeiros disse...

Atena, eu concordo com sua análise. O senso estético da pós modernidade tende ao feio, ao grosseiro. Até nas artes plásticas vemos isso. Um cara coloca um vaso sanitário em um palco e diz que aquilo ali é arte...A Monalisa chora de vergonha!

Um abraço

Atena disse...

Salve Edu:
Você tem toda a razão, já vi algumas "instalações", chamadas obra de arte que me deixaram confusa: não sabia se ria,chorava ou praguejava. rsrs
Abração pra você e obrigada pelos comentários

Marcio Alves disse...

ATENA

Por isso que de todos os pintores o que mais me despertou a atenção é o colombiano Fernando Botero, justamente por sua ousadia em pintar as mulheres transformando as mesmas em gordas, se contrapondo ao mesmo que criticando o padrão estético prevalecente atualmente.

Digo isto, pois a meu ver, você também inverte em seu texto este padrão que é relativo, variando de cultura, época e pessoas.

Abraços

Atena disse...

Marcinho:
Talvez você esteja com a razão. Outras pessoas já me disseram isso. Vejo relatividade em tudo, exceto na beleza.
Não consigo compartilhar dos padrões atuais. O meu padrão parou no tempo: Grécia clássica. rsrs
abração

Edson Palma disse...

Como vai, querida Atena Vieira,

Seu texto vai bem de encontro a realidade atual da sociedade contemporânea, e, me faz lembrar de um artigo sobre A Bienal 2010 no Whitney Museum of American Art publicado, publicado dia 26/02/10, na sinopse "Notícias do gênero", em meu Blog RSD, muito parecido com suas exclamações por que trata da direção das manifestações artísticas no mundo inteiro. Dá uma lída afim de ver se há mesmo uma determinada comparação, certo?!

Eis aqui o link para o pequeno texto:

http://bit.ly/dklaFm (pode copiar e colar em seu navegador)

Até logo

Atena disse...

Edson:
Aquela "monstruosidade" como você a definiu é até mais parecida com arte do que outras coisas que já vi em exposições. Eu não sou expert no assunto arte, mas a vejo como algo que nos eleve e inspire e não como motivo de repulsa.
Obrigada pelo comentário. Volte sempre.

Unknown disse...

Atena,
kkkkk lembrei da minha mãe falando das calças caídas , as plataformas afff !!!! parece um cartoon sempre que olho ( tipo o pezinho da Minie ).Mais o que mais me incomoda hoje em dia é a falta de educação ( essa me tira do sério) e o pior as pessoas acham que é normal ser assim.Todas eu então seja o "alien" dessa história .:o)
Gostei muito do post !
XOXO

Atena disse...

Renatinha:
Pelo jeito não estou sozinha nas minhas opiniões. Baita consolo! rsrsrs
Quanto à feira interna (falta de educação), realmente incomoda mesmo.
Você não é alien não, felizmente ainda existem outros que pensam da mesma forma.
Obrigada pela participação e beijos

Unknown disse...

Achei um pouco conservador seu post,ficou parecendo aquelas vizinhas chatas de mais idade,para mim são formas de expressão,de criticar velhos padrões da sociedade,quem vem geralmente da parte mais sufocada da sociedade.

Atena disse...

Duvendas:
Bem, você confirma o ditado: gosto não se discute.
Concordo com você ao chamar-me de conservadora. Neste assunto eu sou mesmo. Beleza, pra mim, é fundamental e não tem nada de relatividade. A gente consegue ver beleza até em vestes e hábitos de algumas tribos primitivas, em outras não.

Renata disse...

Poxa,eu adorei seu blog e até gora estavva concordando com tudo que li aqui,axei mto interessante,só me desapontei agora que vc mencionou que RAP não pode ser conciderado música,pq não?a maioria julga rap como coisa de bandido sem ao menos ter ouvido,mais ele fala das realidades das ruas e ajuda a protestar contra a hipocrisia dess povo,em buscca de um mundo mais justo,praticamente os mesmos prospositos que os anarcopunks e o reggae =)
Mais tirando fora isso,em mts coisas penso como vc!

Atena disse...

Renata:
Fico contente que tenha apreciado o blog.
Quanto ao Rap, veja o que digo :" Alguns têm letras interessantes e inteligentes, pelo menos." Mas realmente o Rap não dá para considerar música e sim versos com apenas o fundo musical (nem sempre, às vezes só ritmo)).
Concordo com você que são versos desafiadores de uma sociedade hipócrita, mas me permita não considerar como música. rsrs É coisa de quem ouvia ópera aos seis anos de idade...e gostava, como ainda gosto.