"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Condenar ou enaltecer Belo Monte?

itaipu

Há dias em que eu fico me questionando por que ainda gasto o meu tempo tentando expandir consciências. Dá uma tristeza, um desânimo ao constatar quantos “cérebros de galinha” andam por aí. Oh céus, que país de gente ignorante. E o que é pior: não dão a mínima para saírem da ignorância. Não estudam, não pesquisam, se limitam a repetir feito papagaios o que ouviram outros dizerem. Aff!!!

A causa deste desabafo foi um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=kAAdXrdXSpM&feature=player_embedded) que me enviaram por e-mail e que assisti no Youtube. Trata-se de um vídeo com atores globais criticando a construção da usina de Belo Monte. Às vezes eu fico lendo os comentários por lá para saber o que as pessoas andam pensando e foi o que fiz desta vez. Aí veio o desencanto! Quantos “cérebros de galinha” falando sem conhecimento de causa.

Por que cargas d’água as pessoas fazem afirmações sem conhecimento do assunto? Se ao menos dissessem: esta é a minha opinião. Mas não, elas saem afirmando coisas simplesmente porque ouviram ou leram em apenas uma fonte!

O que nos circunda, o que denominamos realidade nada mais é do que a percepção de cada um, sujeita aos conteúdos subjetivos e inconscientes de cada um, muito da nossa realidade são informações transmitidas por fontes nada objetivas já que são comandadas por interesses os mais diversos e assim por diante. Realidade é uma grande fraude ou como dizem os orientais: maya, uma ilusão.

Vejam alguns comentários sobre o vídeo em questão, com os peculiares erros da nossa iletrada população (havia também comentários contra a Belo Monte):

“o mais ironico é um bando de hipocrita sentado com a bunda na cadeira na frente de um computador, com um ar condincionado, ventilador daqui a pouco assistir uma tv, com um plano de saude (ou acha q hospital funciona sem??) EU DESAFIO AQUI ABDICAR DE ENERGIA E MORAR EM UM LUGAR COM AUSENCIA TOTAL,”

“cara, quando artistas globais estão envolvidos, eu desconfio. Por que a Globo está tão interessada no assunto? Será que ela não foi convidada a receber parte dos bilhões?”

“CLARO QUE É LIMPA ESSA ENERGIA... SABE QUANTO CUSTA GERAR ENERGIA EÓLICA??? CARÍSSIMA!!! E TEM MAIS, NÃO TEM ÍNDIO NENHUM LÁ NA REGIÃO ONDE SERÁ BELO MONTE! APENAS 9000 FAMÍLIAS SERÃO REMOVIDAS E VÃO GANHAR CASAS NOVAS E UMA NOVA OPORTUNIDADE DE VIDA... LÁ, O LAGO SE TORNARÁ PONTO TURÍSTICO...”

“Manda essa cambada que fala mal da belo monte morar agora na amazonia.... hahahaha... 2 semanas depois eles mudam de ideia.. pimenta nos olhos dos outros é refresco.. lamentavel.”

Bem, eu não sou especialista no assunto e não sei dizer se energia eólica sai mais barato do que uma usina hidrelétrica, mas pelo custo aventado, arrisco a dizer que sim.

Fico me perguntando: será mesmo que as famílias removidas da região terão casas e uma nova oportunidade de vida ... ? Será mesmo que precisamos desconfiar de pessoas só porque são atores da Globo?

Certa vez, numa viagem de ônibus, a pessoa sentada ao meu lado era um engenheiro que comentou comigo que o maior erro que os governos cometiam, em se tratando de usinas hidrelétricas, era construírem mega usinas (na época Itaipu). Disse ele que toda grande represa destruía muito o ecossistema e que no nosso país, abundante em rios, o ideal era se fazer pequenas barragens fornecendo energia segmentada para as populações próximas. Algo perfeitamente factível em nosso país.

Isso, parece-me, nunca foi posto em prática, provavelmente porque uma pequena usina não gera lucro suficiente (mega lucro) para as construtoras.

De tudo o que já li e ouvi de especialistas, energia eólica e solar não são as melhores soluções, seja pelos custos, seja pelo condicionamento aos caprichos da natureza. Portanto, enquanto não descobrem a energia ideal creio ser uma boa solução, nos países ricos hidrograficamente, as pequenas barragens.

Então, gente, antes de sair condenando ou enaltecendo Belo Monte, vamos nos informar mesmo (não apenas em uma só fonte) sobre as verdades e mentiras sobre o assunto. Isto é desenvolver a consciência e ... deixar de ser o papagaio do pirata. rsrs

Deixo-os com um comentário de muito bom senso que encontrei no meio do besteirol:

“Sem um meio ambiente sustentável, nada é mais importante! Já ouviram falar em desastres ecológicos? Quanto maior a intervenção, maior a reação!!!”

É isso aí.

Imagem: viagem.uol.com.br

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domingo, 19 de fevereiro de 2012

A teoria das janelas quebradas

janela quebrada

Em 1969, na Universidade de Stanford (EEUU), o Prof. Philip Zimbardo realizou um experimento de Psicologia Social. Deixou dois carros abandonados na rua, dois carros idênticos, a mesma marca, modelo e até a cor. Um ele deixou no Bronx, na época uma zona pobre e conflituosa de Nova York e o outro em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Dois carros idênticos abandonados, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em Psicologia Social estudando as condutas das pessoas em cada lugar.

Resultou que o carro abandonado no Bronx começou a ser vandalizado em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o radio, etc. Todo o aproveitável foi levado e o que não, foi destruído. Em troca o carro abandonado em Palo Alto se manteve intacto.

É comum atribuir à pobreza as causas do delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (de direita e de esquerda). Entretanto, o experimento em questão não finalizou aí, quando o carro abandonado no Bronx já estava desfeito e o de Palo Alto permanecia uma semana impecável.

Os investigadores decidiram quebrar um vidro do automóvel de Palo Alto. O resultado foi que começou o mesmo processo que no Bronx, o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre.

Por que o vidro quebrado num carro abandonado numa vizinhança supostamente segura é capaz de disparar todo um processo delitivo?

Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia, o comportamento humano e com as relações sociais.

Um vidro quebrado num carro abandonado transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai rompendo códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como se o todo vale nada. Cada novo ataque que sofre o carro reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos, cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando em uma violência irracional.

Em experimentos posteriores (James Q. Wilson y George Kelling) desenvolveram a “teoria das janelas quebradas” que, desde um ponto de vista criminológico, conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujidade, a desordem e o maltrato são maiores

Se quebra um vidro de una janela de um edifício e ninguém o repara, cedo estarão quebrados todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto é algo que parece não importar a ninguém, então ali se generará o delito. Se se cometem essas “pequenas faltas” como estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar uma luz vermelha, pequenas faltas que não são aprovadas, então começarão a desenvolverem-se faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves.

Se os parques e outros espaços públicos são deteriorados progressivamente e ninguém age a respeito, esses lugares serão abandonados pela maioria das pessoas (que deixam de sair de suas casas por temor aos marginais), esses mesmos espaços abandonados pelas pessoas serão progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A resposta dos estudiosos foi mais contundente ainda, indicando que ante o descuido e a desordem crescem muitos males sociais e se degenera o entorno.

Veja um exemplo em casa, se um pai de família deixa que sua casa tenha alguns defeitos, como falta de pintura das paredes, que estão em mau estado, maus hábitos de limpeza, maus hábitos alimentícios, más palavras, falta de respeito entre os membros do núcleo familiar, etc. então pouco a pouco se cairá num descuido das relações interpessoais dos familiares e começarão a criar más relações com a sociedade em geral e talvez algum dia chegarão a acabar na prisão.

Essa pode ser uma hipótese da decomposição da sociedade, a falta de apego aos valores universais, a falta de respeito da sociedade entre si, e com as autoridades (extorsão e suborno) e vice versa, a corrupção em todos os níveis, a falta de educação e formação de cultura urbana. A falta de oportunidades gerou um país com janelas quebradas, com muitas janelas quebradas e ninguém parece estar disposto a consertá-las.

Recebi por e-mail e desconheço a autoria.

A solução é muito simples, começa em casa com os pais, desde cedo, ensinando aos filhos bons hábitos, conceitos de cidadania, de respeito aos outros e ao que é dos outros e conscientizando-os que a atual onda de produtos descartáveis (que duram pouco) só é boa para as indústrias, mas jamais para o meio ambiente ou ... para o bolso de cada um.

Imagem: carrosinuteis.com.br

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domingo, 12 de fevereiro de 2012

As doenças que mais venderão em 2012

remedios

“Se há um remédio capaz de gerar lucros, deve haver consumidores. O que as corporações querem que você compre agora!”

Martha Rosenberg

Este texto eu considero de utilidade pública. É longo, mas peço a atenção do leitor para ele, pois se não tiver uma das doenças assinaladas pode ser que conheça alguém que a tenha e aqui há informação útil e importantíssima para a população leiga (em medicina).

Informação, conhecimento e consciência são as ferramentas para a evolução.

Como a indústria farmacêutica conseguiu que um terço da população dos Estados Unidos tome antidepressivos, estatinas, e estimulantes? Vendendo doenças como depressão, colesterol alto e refluxo gastrointestinal. Marketing impulsionado pela oferta, também conhecido como “existe um medicamento – precisa-se de uma doença e de pacientes”. Não apenas povoa a sociedade de hipocondríacos viciados em remédios, mas desvia os laboratórios do que deveria ser seu pepel essencial: desenvolver remédios reais para problemas médicos reais.

Claro que nem todas as doenças são boas para tanto. Para que uma enfermidade torne-se campeã de vendas, ela deve: (1) existir de verdade, mas ser constatada num diagnóstico que tem margem de manobra, não dependendo de um exame preciso; (2) ser potencialmente séria, com “sintomas silenciosos” que “só pioram” se a doença não for tratada; (3) ser “pouco reconhecida”, “pouco relatada” e com “barreiras” ao tratamento; (4) explicar problemas de saúde que o paciente teve anteriormente; (5) precisar de uma nova droga cara que não possui equivalente genérico.

Aqui estão algumas potenciais doenças da moda, que a indústria farmacêutica gostaria que você desenvolvesse em 2012:

Déficit de atenção com hiperatividade em adultos

Problemas cotidianos rotulados como “depressão” impulsionaram os laboratórios nas últimas duas décadas. Você não estava triste, bravo, com medo, confuso, de luto ou até mesmo sentindo-se explorado. Você estava deprimido, e existe uma pílula para isso. Mas a depressão chegou a um ápice, como a dieta Atkins e Macarena. Com sorte, existe o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) em adultos. Ele dobrou em mulheres de 45 a 65 anos e triplicou em homens e mulheres com 20 a 44 anos, de acordo com o Wall Street Journal.

“Estou deprimida, pode ser TDAH?” diz um anúncio na Psychiatric News, mostrando uma mulher bonita, mas triste. Na mesma publicação, outro anúncio diz “promessas quebradas – adultos com TDAH têm quase duas vezes mais chances de se divorciar”, enquanto estimula médicos a checar a presença de TDAH em seus pacientes.

Adultos com TDAH são normalmente “menos responsáveis, confiáveis, engenhosos, focados, autoconfiantes e eles encontram dificuldades para definir, estabelecer e propor objetivos pessoais significativos”, diz um artigo escrito pelo Dr. Joseph Biederman, psiquiatra infantil de Harvard, que leva os créditos por colocar “disfunção bipolar pediátrica” no mapa. Eles “mostram tendências de ser mais fechados, intolerantes, críticos, inúteis, e oportunistas” e “tendem a não considerar direitos e sentimentos de outras pessoas”, diz o artigo, numa frase que poderia ser usada por muitas pessoas para definir seus cunhados.

Adultos com TDAH terão dificuldade em se manter em um emprego e pioram se não forem tratados, diz WebMD, apontando para o seguindo requisito para as doenças campeãs de venda – sintomas que se agravam sem medicação. “Adultos com TDAH podem ter dificuldade em seguir orientações, lembrar informações, concentrar-se, organizar tarefas ou completar o trabalho no prazo”, de acordo com o site, cujo parceiro original era Eli Lilly.

Como as empresas farmacêuticas conseguiram fazer com que cinco milhões de crianças, e agora talvez seus pais, tomem remédios para TDAH? Anúncios em telas de 9 metros por 7, quatro vezes por hora na Times Square não vão fazer mal. Perguntam: “Não consegue manter o foco? Não consegue ficar parado? Seu filho pode ter TDAH?” (Aposto que ninguém teve problemas em se focar neles!).

Porém convencer adultos que eles não estão dormindo pouco, nem entediados, mas têm TDAH é apenas metade da batalha. As transnacionais farmacêuticas também têm que convencer crianças que cresceram com o diagnóstico de TDAH a não pararem de tomar a medicação, diz Mike Cola, da Shire (empresa que produz os medicamentos para TDAH: Intuniv, Addreall XR, Vyvanse e Daytrana). “Nós sabemos que perdemos um número significativo de pacientes com mais ou menos vinte anos, pois saem do sistema por não irem mais ao pediatra”.

Claro, enganar crianças (ou qualquer um, na verdade) não é muito difícil. Por que outra razão traficantes de metanfetamina dizem que “a primeira dose é grátis”? Mas a indústria está tão empenhada em manter o mercado pediátrico de TDAH que criou cursos para médicos. Alguns exemplos: “Identificando, diagnosticando e controlando TDAH em estudantes”. Ou “TDAH na faculdade: procurar e receber cuidado durante a transição da infância para a idade adulta”.

Para assegurar-se de que ninguém pense que a TDAH é uma doença inventada, WebMD mostra ressonâncias magnéticas coloridas de cérebros de pessoas normais e de pacientes com TDAH (ao lado de um anúncio de Vyvanse). Mas é duvidoso se as duas imagens são realmente diferentes, diz o psiquiatra Dr. Phillip Sinaikin, autor de Psychiatryland. E mesmo que sejam isso não prova nada.

“O ponto central do problema é que simplesmente não existe um entendimento definitivo de como a atividade neural está relacionada à consciência subjetiva, a antiga relação não muito clara entre corpo e mente”, Sinaikin contou ao AlterNet. “Não avançamos muito além da frenologia, e esse artigo do WebMD é simplesmente o pior tipo de manipulação da indústria farmacêutica a fim de vender seus produtos extremamente caros. Nesse caso, um esforço desesperado da Shire para manter uma parte do mercado quando o Addreall tiver versão genérica”.

Artrite Reumatóide

A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença séria e perigosa. Mas os supressores do sistema imunológico que a indústria farmacêutica oferece como alternativa – Remicade, Enbrel, Humira e outros – também são. Enquanto a AR ataca os tecidos do corpo, levando à inflamação das articulações, tecidos adjacentes e órgãos, os supressores imunológicos podem abrir uma brecha para câncer, infecções letais e tuberculose.

Em 2008, a agência norte-americana para alimentação e medicamentos (FDA) anunciou que 45 pessoas que tomavam Humira, Enbrel, Humicade e Cimzia morreram por doenças causadas por fungos e investigou a relação do Humira com linfoma, leucemia e melanoma em crianças. Esse ano, a FDA avisou que as drogas podem causar “um raro tipo de câncer nas células sanguíneas brancas” em jovens e o Journal of the American Medical Association (JAMA) advertiu o aparecimento de “infecções potencialmente fatais por legionela e listeria”.

Medicamentos que suprem o sistema imunológico também são perigosos para os bolsos. Uma injeção de Remicade pode custar US$ 2.500; o suprimento de um mês de Enbrel custa US$ 1.500; o custo anual do Humira é de US$ 20 mil.

Há alguns anos, a AR era diagnosticada com base na presença do “fator reumatóide” e inflamações. Mas, graças ao marketing guiado pela oferta da indústria farmacêutica, bastam hoje, para o diagnóstico, enrijecimento e dor. (Atletas e pessoas que nasceram antes de 1970 entrem na fila, por favor).

Além do espaço de manobra para o diagnóstico e um bom nome, a AR possui outros requisitos das doenças campeãs de vendas. “Só vai piorar” se não for tratada, diz WebMD, e é frequentemente “subdiagnosticada” e pouco relatada, diz Heather Mason, da Abbott, porque “as pessoas costumam não saber que a têm, por algum tempo”.

Uma doença tão perigosa que o tratamento custa US$20 mil por ano, mas que é tão súbita que você pode não saber que a tem? AR desponta como uma doença da moda.

Fibromialgia

Outra doença pouco relatada é a fibromialgia, caracterizada por dores generalizadas e inexplicadas no corpo. Fibromialgia é “quase a definição de uma necessidade médica não atendida”, diz Ian Read, da Pfizer, que fabrica a primeira droga aprovada para fibromialgia, o medicamento anticonvulsivo Lyrica. A Pfizer doou US$ 2,1 milhões a grupos sem fins lucrativos em 2008 para “educar” médicos sobre a fibromialgia e financiou anúncios de serviço da indústria farmacêutica que descreviam os sintomas e citavam a droga. Hoje, a Lyrica lucra US$ 3 bilhões por ano.

Mesmo assim, a Lyrica concorre com Cymbalta, o primeiro antidepressivo aprovado para fibromialgia. A Eli Lilly propôs o uso de Cymbalta para a “dor” física da depressão, em uma campanha chamada “depressão machuca” antes da aprovação do tratamento para fibromialgia. O tratamento de pacientes com fibromialgia com Lyrica ou Cymbalta custa cerca de US$10 mil, segundo diários médicos.

A indústria farmacêutica e Wall Street podem estar felizes com os medicamentos para fibromialgia, mas os pacientes não. No site de avaliação de medicamentos, askapatient.com, pacientes que usam Cymbalta relatam calafrios, problemas maxilares, “pings” elétricos em seus cérebros e problemas nos olhos. Nesse ano, quatro pacientes relataram a vontade de se matar, um efeito colateral frequente do Cymbalta. Usuários de Lyrica relatam no askapatient perda de memória, confusão, ganho extremo de peso, queda de cabelo, capacidade de dirigir automóvel comprometida, desorientação, espasmos e outros ainda piores. Alguns pacientes tomam os dois medicamentos.

Disfunções do sono: Insônia no meio da noite

Disfunções do sono são uma mina de ouro para os laboratórios porque todo mundo dorme – ou assiste TV, quando não consegue. Para agitar o mercado de insônia, as corporações criaram subcategorias de insônia, como crônica, aguda, transitória, inicial, de início tardio, causada pela menopausa, e a grande categoria de sono não reparador. Nesse outono [primavera no hemisfério Sul], apareceu uma nova versão do Ambien para insônia “no meio da noite”, chamado Intermezzo – ainda que Ambien seja, paradoxalmente, indutor de momentos conscientes durante o sono. As pessoas “acordam” em um blackout do Ambien e andam, falam, dirigem, fazem ligações e comem.

Muitos ficaram sabendo desse efeito do Ambien quando Patrick Kennedy, ex-parlamentar de Rhode Island, dirigiu até Capitol Hill para “votar” às 2h45min da manhã em 2006, sob efeito do remédio, e bateu seu Mustang. Mas foi comer sob o efeito do Ambien que trouxe a maior discussão sobre o medicamento. Pessoas em forma acordavam no meio de montanhas de embalagens de pizza, salgadinhos e sorvete – cujo conteúdo tinha sido comido pelos seus “gêmeos maus”, criados pelo remédio.

Sonolência excessiva e transtorno do sono por turno de trabalho

Não é preciso dizer: pessoas com insônia não estarão com os olhos brilhando e coradas no dia seguinte – tanto faz se elas não tiverem dormido ou se tiverem, em seu corpo, resíduos de medicamentos para dormir. Na verdade, essas pessoas estão sofrendo da pouco reconhecida e pouco relatada epidemia da Sonolência Excessiva durante o Dia. As principais causas da SED são apneia do sono e narcolepsia. Mas no ano passado as corporações farmacêuticas sugeriram uma causa relacionada ao estilo de vida: “transtorno do sono por turno de trabalho”. Anúncios de Provigil, um estimulante que trata SED, junto com Nuvigil, mostram um juiz vestindo um roupão preto, no trabalho, com a frase “lutando para combater o nevoeiro?”.

Obviamente, agentes estimulantes contribuem com a insônia, que contribui com problemas de sonolência durante o dia, em um tipo de ciclo farmacêutico perpétuo. De fato, o hábito de tomar medicamentos para insônia e para ficar alerta é tão comum que ameaça a criação de um novo significado para “AA” – Adderal e Ambien.

Insônia que é depressão

Disfunções do sono também deram nova vida aos antidepressivos. Médicos agora prescrevem mais antidepressivos para insônia que medicamentos para insônia, de acordo com a CNN. É também comum que eles combinem os dois, já que “insônia e depressão frequentemente ocorrem conjuntamente, mas não fica claro qual é a causa e qual é o sintoma”.

WebMD concorda com o uso das duas drogas. “Pacientes deprimidos com insônia que são tratados com antidepressivos e remédios para dormir se saem melhor que aqueles tratados apenas com antidepressivos”, escreve.

De fato, muitas das novas doenças de massa, desde TDAH em adultos e AR até fibromialgia são tratadas com medicamentos novos junto com outros que já existiam e que não estão funcionando. É uma invenção das corporações “polifarmácia”. Isso lembra do dono de loja que diz “eu sei que 50% da minha propaganda é desperdiçada – só não sei qual 50%”.

(Martha Rosenberg escreve sobre o impacto das indústrias farmacêuticas, alimentícias e de armamentos na saúde pública.)

Fonte: AlterNet - Tradução: Daniela Frabasile

Imagem: acefalando.blogspot.com

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Não confunda necessidade com desejo

bolsa Hermes
Estamos numa é poca onde desejos pululam em nossa cabeça. Vivemos completamente rodeados por propagandas nos convencendo a adquirir “trocentas” coisas que dizem necessitarmos. Será?

Vejamos primeiramente o que dizem, os especialistas no assunto, sobre as necessidades.
Henry Murray (psicólogo), um dos primeiros a pesquisar a respeito, classificou as necessidades humanas em:

- primárias ou viscerogênicas (necessidades biológicas como sede, fome ou sono)

- secundárias ou psicogênicas (derivadas de uma necessidade primária ou inerentes ao psiquismo humano)

Então as necessidades referem-se aos aspectos básicos da condição humana (pessoais, psicológicos, sociais). Ponto!

O reconhecimento ou conscientização de uma necessidade vem da comparação entre uma situação real, presente no momento, e uma situação ideal ou benéfica ao indivíduo. Se estou em jejum há 12 horas a necessidade que se apresenta é a de comida. Se estiver com frio é a de agasalho, se me sinto solitária aparece a necessidade de companhia (afiliação) e assim por diante.

As necessidades estão vinculadas não só à preservação da condição humana como também à nossa evolução. No passado não precisávamos de telefone celular, hoje muitos não vivem sem ele (confesso que eu não sei mais viver sem o “tio Google”). rsrs Ou seja, conforme vamos evoluindo as necessidades aumentam ou ... o que pensamos ser necessidades.

Aí é que está a armadilha: confunde-se necessidade com desejo.

Um bosquímano não necessita de um aparelho de TV, até porque ele não tem acesso à rede elétrica, mas não o tendo ele se encontra afastado e ignorante do mundo “civilizado”, sem chances de poder escolher entre permanecer em sua situação ou almejar algo diferente.

Então digamos que nos dias atuais uma TV é uma necessidade, mas ... é preciso, realmente, que o aparelho seja um flat último modelo? Ou isso é um desejo de ter sempre as últimas novidades eletrônicas ou para competir com o vizinho, colegas, etc.?

Nós precisamos, realmente, ter uma geladeira que forneça cubinhos de gelo na porta (gelo portátil, segundo os fabricantes)?

Uma criança precisa, realmente, ter seu quarto abarrotado de brinquedos ao ponto de não haver espaço para movimentação?

Uma bolsa Hermès (preços que podem variar de R$ 1.700,00 a R$ 100.000,00) não cumpre a mesma função que qualquer outra bolsa?

E por último, é necessário, realmente, ter torneiras de ouro em casa? Não riam porque elas existem, sim.

Bem, isso tudo são desejos e não estou dizendo que há algo de errado neles, mas é preciso que se tenha consciência disso para não cair em extremos de, por exemplo, ser “um Maria vai com as outras”.

Existe um risco com relação aos desejos que é a distorção dos motivos, o que é destrutivo para o ser humano, pode levar à depressão, frustração e até crimes. Quando se deseja uma coisa por ela mesma isso pode não ser problema algum (exceção: megalomania), mas quando se deseja algo como meio de obter um fim ... aí reside a distorção e consequentemente o problema. Digamos que você deseja ser promovido, não pela satisfação de ter sua capacidade reconhecida, mas sim porque quer se “vingar” daquele colega chato ou o exemplo que já dei do último modelo de TV: para disputar status com alguém.

Esse é o perigo. Algumas filosofias e religiões orientais preconizam a total eliminação dos desejos para alcançar o Nirvana ou a iluminação. Acreditam ser uma orientação de Buda. Como Buda alcançou a sua iluminação não acredito que ele tenha dito isso, mas ... cada um, cada um... rsrs

Consciência, essa é palavra. Na medida em que expandimos nossa consciência vamos vendo que muito do que queremos não são realmente necessidades, mas desejos que podem ser saudáveis, não nos causar mal algum ... ou não.

Para ilustrar, eis a seguir algumas das necessidades psicogênicas listadas por Murray:


Realização (vencer obstáculos e atingir um alto padrão)
Afiliação (fazer amizades, ligar-se afetivamente a alguém)
Autonomia (resistir à coerção e à restrição)
Autodefesa (evitar a humilhação, fugir de situações embaraçosas)
Apoio (ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática das pessoas)
Exibição (deixar uma boa impressão, causar admiração)
Rejeição (separar-se de uma influência negativa)

Imagem: todaoferta.uol.com.br


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