Dando continuidade ao post anterior veremos agora o que causa estados alterados de consciência e alguns efeitos dos mesmos, a partir do que encontrei em pesquisas e de minha própria vivência.
A alteração da consciência se dá através de: drogas chamadas de psicotrópicas, rituais xamânicos, fervor religioso (principalmente em indivíduos com características histéricas, indução hipnótica (seja por hipnólogo ou pastores de algumas religiões), às vezes pela bebida alcoólica, terapias de regressão, meditação, treinamento por intermédio de práticas e exercícios. Talvez algum outro método que desconheço.
Nos rituais xamânicos são alcançadas ondas Alfa e Teta por intermédio de tambores e/ou chocalhos e/ou cantos. Nos templos religiosos, através do ritmo da fala do pastor e da música é alcançado o estado Alfa. Ver neste post como é conseguido.
Na hipnose propriamente dita, no transe leve é alcançado o estado Alfa e no transe profundo pode se chegar às ondas Teta.
Quanto aos transes de fervor religioso, pelo que se tem de informações dos relatos de santos e místicos parece que ambos os estados Alfa e Teta são alcançados.
Já as drogas psicotrópicas e as plantas chamadas de alucinógenas induzem a estados alterados Alfa e também Teta.
Veja abaixo uma descrição feita sobre o uso da planta Ayahuasca (Santo Daime):
“A gama de alterações cognitivas (efeitos psíquicos) produzidas pela adição do composto, assim como para os demais psicodélicos, varia de acordo com o ambiente (condição externa) e o estado de espírito e personalidade (condição interna) do usuário: as experiências ruins e potencialmente danosas são frequentes entre os usuários recreacionais (ilícitos) enquanto o uso positivo é sumamente verificado no contexto religioso (lícito). Os efeitos são similares aos efeitos desencadeados pelos químicos pertencentes ao mesmo grupo: alterações na percepção visual que podem incluir visões caleidoscópicas, hiper-coloridas e zoons em texturas ou padrões de formação dos objetos; sensibilização sensorial; experiências de despersonalização onde o indivíduo perde a identidade com seu próprio corpo e com os limites do próprio corpo; alteração da noção temporal e espacial; sensação de plenitude consciencial, de unicidade com o universo (cosmovisão); sensações tanto de paz suprema quanto de intenso terror que pode levar a quadros de pânico (má viagem, bad trip); taquipsiquismo (pensamento rápido); pensamento confuso e desordenado; perda do controle emocional etc. (...) Já os efeitos fisiológicos incluem alterações variáveis como o aumento da pressão sanguínea, taquicardia, midríase (dilatação da pupila) e atividades eméticas (vômito).”(http://avisospsicodelicos.blogspot.com.br/2009/06/mescalina-molecula-magica-do-peiotismo.html) ...
As plantas alucinógenas quando consumidas com objetivos espirituais ou religiosos, vai provavelmente ocasionar visões dentro desta temática, entretanto quando consumidas com objetivo investigativo (como foi o caso de Aldous Huxley, livro As Portas da Percepção) irá proporcionar outras visões diferenciadas, dependendo da personalidade e das crenças do usuário.
As chamadas alucinações produzidas pela plantas não podem realmente ter este nome, pois não são produto da mente, mas visões de uma diferente realidade alcançada por outra parte do ser humano que embora a ciência não admita, existe e atua.
Neste sentido posso dar minha declaração pelo consumo de peiote (mescalina): mantive a consciência e lucidez o tempo todo que durou a experiência. Algo que percebi foi que houve diminuição da autocrítica.
Nos estados alterados de consciência o que acontece é termos uma percepção ampliada, onde podemos estabelecer contato com outras realidades que os nossos cinco sentidos não percebem, o que não elimina o fato de elas existirem.
“Nossas expectativas usuais acerca da realidade são criadas por um consenso social. Nos ensinam como ver e perceber o mundo. O truque da socialização consiste em nos convencer que as descrições que estamos de acordo definem os limites do mundo real. O que chamamos de realidade é apenas um modo de ver o mundo, um modo que é sustentando pelo consenso social. Nós sempre vemos o desconhecido nos termos do conhecido.” (Carlos Castaneda)
Sobre a incompreensão ou não aceitação de realidades alternativas:
“Esta questão pode ter, também, ligações com o que Narby denomina de olhar racional ou aproximação racional, que “tende a minimizar aquilo que não se compreende”. Diz o antropólogo que o melhor dos campos de treinamento para esta arte muito conveniente, é a sua profissão: a antropologia. E explica o porquê. “Os primeiros antropólogos consideravam a todos aqueles que viviam na periferia do mundo dito “civilizado e racional” de primitivos e pertencentes a sociedades inferiores. Os xamãs foram categorizados como doentes mentais. A aproximação ou olhar racional é o resultado da idéia de que tudo o que é inexplicável e misterioso é, em um determinado senso, o inimigo. Isto significa que se prefere o pejorativo, e mesmo o erro, a responder demonstrando a ausência de compreensão”.
“Aprendi durante a minha investigação que vemos somente aquilo no que acreditamos e, para mudarmos a nossa visão, torna-se necessário, algumas vezes, mudarmos aquilo no que acreditamos”.(http://avisospsicodelicos.blogspot.com.br/2009/06/hipotese-do-antropologo-jeremy-narby.html)
O melhor material que conheço para conhecer sobre estados alterados de consciência é a coletânea de livros do antropólogo Carlos Castaneda. É riquíssimo em informações que, contudo, necessitam um prévio conhecimento dos assuntos chamados de ocultismo ou transcendentais para que seja entendido o que realmente acontece com o protagonista nas suas diferentes experiências.
Por último uma advertência: não recomendo a ninguém consumir plantas psicoativas sem acompanhamento especializado (psicólogo, psiquiatra ou mesmo um xamã) e nem se tiver ego não bem estruturado. As conseqüências podem ser danosas!
Imagem: http://www.cineconhecimento.com/
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