Para entender a respeito da criança interna precisamos primeiro compreender sobre o tempo. Estamos tão acostumados com o tempo linear que não temos consciência que fora de nossa prosaica vidinha rotineira o tempo assume outra expressão – ele é simultâneo. Ou seja, só existe o agora.
Precisamos entender que agora, neste exato momento, nosso eu criança está vivinho da silva tendo suas experiências. Como???
Para facilitar a compreensão vamos dizer que nosso eu criança de um ano está vivo na linha de tempo A, o de dois anos está vivo na linha de tempo B, etc. E estou simplificando ao máximo, pois na realidade cada momento de vida nosso está numa particular linha de tempo, já que o tempo é simultâneo.
Eu sei que o assunto é de difícil compreensão, pois não estamos acostumados a pensar dessa maneira, mas peço um voto de confiança para aceitar essa proposição a fim de entender o restante do texto.
Cada vivência passada (na concepção linear de tempo) pode ser considerada um aspecto da psique que influencia, e algumas vezes determina, o comportamento humano.
Hoje vamos tratar do aspecto criança interna e de seus reflexos no comportamento do adulto de hoje. Essa criança viva dentro de cada um de nós se manifesta em nossas fantasias, imaginação, nossos sonhos, devaneios, desejos e principalmente em nossas emoções.
. Todos tivemos uma infância feliz ou não, mas ninguém teve uma infância perfeita. Carregamos questões inconscientes que não foram resolvidas. A Criança Interior pode desaparecer por anos, ficar abafada dentro de nós e isso acontece por motivos diversos que ocorrem na infância: sentimentos de abandono, cobranças, humilhações, comparações, frustrações, perdas, não importa o que faça, nunca está certa, é impedida de sentir medo, vergonha, dor, raiva, tristeza.
Os pais ou substitutos transmitem aos filhos mensagens, que a Análise Transacional chama de Mandatos, frequentemente de forma não verbal, e que são recebidas pelas crianças como ordens as quais normalmente decidem obedecer, pois não possuem outras informações nem suficiente juízo crítico. Os pais, por sua vez, não têm consciência que estão enviando mensagens aos filhos.
Tais mensagens podem ser positivas e vão dar origem a um futuro adulto bem adaptado e de bem com a vida ou negativas, o que acarretará num futuro adulto com problemas emocionais como: insegurança, carência, baixa auto-estima, insensibilidade, imaturidade, sentimentos de inadequação, etc.
A Criança Interior é um aspecto importantíssimo nosso já que comanda as emoções e todo mundo sabe que quando a emoção entra em cena a razão sai pela porta dos fundos. Precisamos saber administrar as nossas emoções se quisermos ter uma vida adaptada ao ambiente em que vivemos e para isso é necessário reconhecer que temos uma criança interna, compreendê-la e principalmente cuidar bem dela – amá-la.
Como cuidar bem da Criança Interior? É só lembrar do que gostávamos e do que precisávamos quando éramos crianças e nos propiciar esses itens ou valores.
Via de regra, resumindo bem, as crianças precisam de amor e atenção e gostam de diversão e lazer.
Cuidar das necessidades da Criança Interior não significa ser infantil ou irresponsável e sem seriedade, muito pelo contrário, é trazer alegria para a própria vida que se manifestará como saúde psicológica ou mental.
Sempre vivemos num mundo castrador, cheio de regras, cheio de não pode isso, não pode aquilo e, atualmente, isso faz mal e aquilo também. rsrs
Não estou dizendo aqui para abolir todas as regras e leis, mas refletir sobre algumas que nos incomodam, principalmente à nossa Criança Interior. Regras das quais podemos abrir mão sem detrimento de nossos deveres como cidadãos.
Vou dar um exemplo bem simples: minha mãe me ensinou que era horriiiiivel uma cama desarrumada durante o dia. Eu sempre a obedeci cegamente até pouco tempo atrás, embora ela tenha falecido quando eu era jovem, pois era uma lei sagrada pra mim. Hoje, naqueles dias em que a minha criança interna está preguiçosa, eu deixo sim de arrumar a cama e isso não tira pedaço nem de mim nem de ninguém. Entendem a que me refiro?
Pois é, o mundo está cheio de regras bobas e muitas delas afligem ou castram a nossa “pobrezinha” criança interna. rsrs
Lembre-se também que neste exato momento, você criança, numa outra linha de tempo, pode estar levando uma surra e se sentindo humilhada. Você, no agora, porque vive num tempo linear, guarda no seu inconsciente esse sentimento de humilhação. É assim que funcionam os conteúdos inconscientes dos nossos diversos aspectos.
No próximo post continuarei este assunto discorrendo sobre os Mandatos ou mensagens parentais.
P.S. Brinque mais, tome mais sorvete ou coma algodão doce, estimule sua veia cômica, vá mais à praia, caminhe de pés descalços, enfim ... divirta-se mais. Ah … você não consegue se divertir sem umas cervejas primeiro? Tem algo de errado com sua Criança Interior então. Criança não gosta de álcool ou não precisa dele.
Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.
15 comentários:
Atena,
Depois você ri quando a chamo de mestra!
Boa, muito boa essa reflexão minha querida.
Às vezes temos a horrível tendência de aprisionar a nossa criança interior, porque nos condicionamos por padrões de comportamentos que herdamos na nossa educação, sermos sempre adultos.
É verdade: A nossa criança já adulta vive o conflito do ser ou não aquela criança que éramos do ponto de vista da singela leveza infantil.
A vida é dura! Viver é um constante desafio...
Então, assim, tudo ficará mais leve se nos permitimos alguns momentos de criancice, com responsabilidade, como bem lembra o texto.
Gostei! Hoje não vou arrumar a cama... Vou deixá-la respirar...
Vou gastar esse tempo chupando um picolé, já que não gosto de sorvete.
Espero a continuidade.
Beijo.
Beth:
parabéns por ter gostado das ideias do texto, isso demonstra que sua criança está atuante. O que é muito bom para sua saúde mental.
Se algum dia sentir que sua parte criança está sofrendo, recomendo-lhe um exercício ótimo para reabastecê-la e curá-la também. Está no post "Já se sentiu estar sentado no meio-fio balançando as pernas?"
Acho engraçado você me chamar de mestra, pois sou muito moleca e irreverente. rsrs
olha, isso tá parecendo a tese de que existem multiversos; esse assunto do tempo é realmente complexo, por isso vamos ao que realmente interessa - a criança interior.
gostei muito do texto. se deixar a cama desarrumada pode aferir a criança interior, a minha está vivinha e bem feliz...kkkkkkkk
valeu, atena.
Edu;
Já tinha percebido que sua criança interior tá bem vivinha e bem cuidada. rsrs
Quanto às minhas declarações sobre o tempo, logo, logo a ciência irá se manifestar a respeito para os cabeças duras serem apaziguados. rsrs
beijos
Olá Atena!!
Muito bom o texto!!! Só achei a parte que fala que tudo acontece ao mesmo tempo meio viajente. Desculpe, acho que minha mente não está tão aberta. srsrsrs
mas eu sei que coisas mal resolvidas no passado podem afetar nosso presento. è tipo um trauma né.
E eu atraves do pathwork estou resilvendo muitos deles. um deles foi o bullying que sofri no colegio. Que fez eu acreditar que não poderia ter amigos. srsrs
Então essa é uma das partes que eu me dediquei a curar no pathwork. E agora eu estou conseguindo amizades verdadeiras.
Atena, eu tenho tentado mimar um pouco minha criança interior. Mas nem sempre consigo. Mas seu post é interessante e me reporta aos gatilhos da memória, termo criado por Augusto Cury. Certas situações ou palavras nos levam aó conteúdo emocional que guardamos de uma certa época, num passado qualquer. Grande abraço!
Florzinha:
Sei que é difícil entender esse negócio do tempo, mas eu já experimentei na pele o que é ficar fora do tempo, ou seja, somente no agora. Fiquei nervosíssima achando que estava tendo algum tipo de alucinação. Foi uma experiência assustadora, mas não foi alucinação.
Sim, os traumas podem ser coisas mal resolvidas do passado. Você teve muita sorte ao encontrar o Pathwork, pois além de ser uma terapia também contempla o lado espiritual das pessoas.
beijos
Caro Profex:
Vou lhe dar uma ordem e quero ser obedecida. rsrs
Trate de mimar SEMPRE a sua criança!
A nossa criança interior é fundamental para a saúde de nosso psiquismo.
Muito boa essa expressão do Cury: gatilhos da memória.
Obrigada pela visita e abraços
Olá Atena!
Adoro seus post,são maravilhosos e sempre muito esclarecedores. Bem eu acredito que minha criança interior esta ativa,costumo ser organizada,mas quando eu cismo que não vou fazer,que vou fazer outra coisa que me deixa mais feliz ai eu vou e faço,troco por um sorvete ou catar conchinha na praia,até levo uma sacolinha e encho até a boca.
Espero voltar a fazer isso,logo que eu possa,no momento estou de repouso,mas assim que der,vou fazer isso e muito mais.
Parabéns Atena.Sou sua fã,me sinto muito bem no seu espaço.
Bjos em seu coração com cheirinho de Jasmin.
Claudia:
fico contente em saber que cuida de sua criança interior. É isso aí.
Obrigada pela participação e beijos
Mas como ser "cuca fresca" num mundo tão repressivo? Onde cobranças são feitas a toda hora?
Ainda consigo canalizar, ou sou direcionado para as coisas que gosto, não deixo de fazer nada que me faça bem, ou que me dê prazer.
Prazer saudável, daqueles que não faz ninguém sofrer!
Aprendi que se por ex: uma pessoa não quer acompanhá-lo em alguma atividade, vou sozinho, mas essa solidão, esse fazer sozinho pesa às vezes, dá uma sensação de isolamento ...
Seria a cobrança do racional sobre a criança?
Abraço!
PS O cara do vídeo é demais né!
-Trabalho com crianças excepcionais, não que elas sejam ... Mas eu gosto de tratá-las assim! Cruel ... A política é aquele cara e as crianças somos nós!
Cidadão:
A Análise Transacional diz que temos três instâncias que comandam o nosso psiquismo: o Pai, o Adulto (razão) e a Criança. As cobranças vem do Pai interno. Já que você tocou nesse assunto me deu a ideia de postar então sobre essas três partes. Esclarecerá melhor como funcionamos. Obrigada pela dica.
Essa sua frase: "A política é aquele cara e as crianças somos nós!" tá demais. Sou levada a concordar com você. rsrs
abração
Estou aguardando!
Abraço
Otimo artigo, e o final ficou excelente...também desconfio de crianças que precisam de alcool para sair. Catia guedes
Catia:
Obrigada pela presença e participação.
Pois é, né? Criança não precisa de álcool...
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