quarta-feira, 6 de abril de 2011
O caos da Medicina
Existem duas profissões que considero sagradas: o magistério e a medicina. Acho que não preciso explicar o porquê. É óbvio.
Hoje vou falar sobre a Medicina, pois li um texto fantástico num blog, que não deixa pedra sobre pedra, sobre a situação atual desta ciência tão importante para todos nós.
Há muitos anos que só vou consultar um médico quando estou “nas últimas!” ou quando realmente não consigo diagnosticar o que tenho. Até hoje só errei uma única vez no meu diagnóstico e isto quase me fez passar para o “outro lado” rsrs Como não era a minha hora, ainda estou aqui ... rsrs
Desde que fiquei adulta, com suficiente senso crítico, dei-me conta que boa parte dos médicos além de atenderem o paciente impessoalmente, sem nenhuma empatia, ainda enrolam pra caramba. Não dão tempo ao paciente para explicar tudo pelo que está passando, alguns não os olham nos olhos, solicitam carradas de exames e nos atendimentos pelo SSUS ou por convênio não fazem mais o histórico clínico do paciente. Na ocasião em que quase bati as botas fui atendida eficientemente, salvaram-me a vida para logo em seguida quase me matarem porque me aplicaram na veia uma medicação que eu não poderia tomar. Eu estava lúcida, mas ninguém me perguntou sobre meu histórico, o que teria lhes informado da contraindicação do referido medicamento.
Volta e meia a mídia nos informa dos “erros” médicos ou do péssimo atendimento nos hospitais públicos. É revoltante o descaso e a indiferença com que o assunto saúde, vital para o ser humano, é tratado muitas vezes.
Cito a honesta e ácida análise que fez um ex-médico (abandonou a profissão), um idealista íntegro e bem ... pessimista também, mas cujo texto assino em baixo apesar de não ter a vivência que ele teve na profissão.
“Para quem não sabe, a medicina em toda a sua história (de mais de 2500 anos, na tradição ocidental), sempre foi um misto de três elementos principais: charlatanismo, benevolência e comércio. Antes do século XX, o charlatanismo (a arte de fazer parecer que uma ação resultaria em um efeito prático desejável) predominava em praticamente tudo que qualquer médico viesse a fazer. Esse charlatanismo, entretanto, somente existia e fazia sentido devido à benevolência que o acompanhava: uma vontade (sincera) que o médico tinha de ajudar alguém que estivesse sofrendo ou alguém que estivesse caminhando para a morte.”
... Com o charlatanismo, os médicos conquistaram, até meados do século XIX, algum prestigio social – o prestígio que recebe aquele que alivia o sofrimento e cuida dos moribundos e fracos. Conseguiram também a recompensa por esse prestígio, que não tardou a ser em forma de presentes ou dinheiro (além de poder político, cargos públicos e coisas do tipo).
Logo, invertendo-se essa equação, ser médico, praticar charlatanismo, parecer ser bom e demonstrar ter vontade de ajudar tornou-se uma boa maneira de ganhar dinheiro e prestígio, principalmente quando, nos últimos séculos (sobretudo no século XX), o dinheiro tornou-se a busca maior de quase todo ser humano.
Desde o começo da medicina, por outro lado, o charlatanismo fora muito bem disfarçado, praticamente tornado invisível para os não-médicos, e mesmo para os médicos. Fazer sangrias nas pessoas, fazê-las vomitar, impossibilitá-las de dormir por vários dias (ou o contrário, fazê-las dormir em excesso) ou simplesmente nelas bater ou lhes mandar fazer alguns atos sem sentido (comer certos alimentos, não comer outros, beber determinada água ou chás, fazer compressas, tomar certos banhos, etc. – tudo isso que já foi ato médico consagrado) não eram, em suas épocas, ações médicas vistas pelos próprios médicos que as aplicavam e pelos pacientes que as recebiam como fraudes escandalosas (como depois passou a ser). Ao contrário, todos acreditavam que estas ações eram verdadeiramente terapêuticas, dando resultados concretos, ou seja, que doenças realmente estavam sendo tratadas por estes atos.”
Seguindo sua exposição, o ex-doutor chega aos dias atuais:
“Agindo mecanicamente, automaticamente, um paciente após o outro, o médico burocrata (o da saúde pública) age repetindo atos padronizados para os quais ele não precisa pensar nem refletir sobre o que está fazendo. Ao contrário, o que ele faz é encaixar os pacientes que têm queixas e sintomas semelhantes dentro de rotinas estandartizadas, padronizadas, ou, como é mais comum de se falar atualmente, que estão previstas nas guide lines (as quais, muitas vezes, principalmente em serviços precários de saúde, como no Brasil, terminam se transformando em rotinas que são padronizadas apenas na base do improviso). O médico burocrata quase sempre alterna (meio aleatoriamente meio tentando “acertar o diagnóstico”, no improviso) alguns poucos tratamentos disponíveis (ou mais fáceis de aplicar) para os vários pacientes que lhes vão surgindo à frente. Quase todas as faculdades brasileiras (e também do resto do mundo) ensinam este “modelo” de medicina, já que são integradas à saúde pública.” (Tomázio Aguirre - http://desacocheiodessepais.blogspot.com/2009/02/o-que-e-medicina-e-o-que-e-medicina-no.html )
Esta padronização de rotinas foi o que quase me matou. Posteriormente uma medicação preconizada pela padronização também me provocou um efeito colateral que só consegui resolver consultando um médico homeopata.
A medicina atual trata todos os pacientes como se todos fossem iguais. Parece não haver o reconhecimento de que cada paciente é um universo distinto do outro que acabou de sair da consulta.
Este texto tem o objetivo de levar o leitor a expandir sua consciência quanto ao assunto, jamais o de sugerir não consultar um médico quando estiver doente. A automedicação pode fazer tanto ou mais mal do que consultar um mau médico. Não sigam o meu exemplo porque as medicações e os tratamentos que eu uso são naturais, pertencem à chamada “ medicina alternativa”.
Usem seu discernimento e senso crítico, se não ficarem satisfeitos com o atendimento ou prescrição de um médico, procurem outro/s. Exerçam seu direito de liberdade, garantido inclusive pela nossa Constituição.
Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.
19 comentários:
Eu passei por 2 lutos que envolve o tema Medicina. Tenho trauma do assunto.
Fui na dermatologista segunda ela me atendeu em 5 minutos e acabei de receber uma ligação que a médica que marquei para amanhã vai entrar em greve e cancelou a consulta.
Maravilhosa sua matéria, mas tenho uma dor imensa sobre o assunto, isso pq me formei em Fisioterapia. Abraço Cy.
Por isso eu só me trato há 30 anos, com um "medico de família" um homeopata ferrenho, desses que sabe o que faz e o que fala. Nunca tratei meus filhos com antibióbico, aqui em casa não contribuimos com essa industria pornográfica dos laboratórios. E uma consulta dura em média 1h, sem pressa, olho no olho, como deveria ser empregada toda a medicina.
A medicina é uma indústria assim como a farmácia. Infelizmente nossa medician é um açougue. Remédios e médicos tem a mesma função que ir direto ao sintoma esquecendo completamente a causa. Mas enquanto rolarem rios de dinheiro e todos se calarem e se submeterem, isso vai continuar.
Legal o Post, vamos ai continuar escancarando estas falcatruas da sociedade.
Esse post me interessou muito. Até porque dou nutricionista e trabalho na area de Saude, embora não seja medica.
Realmente a maioria dos trabalhadores dessa area é muito mecanizada. Mas acho que eu tive sorte. O pediatra que fui na minha infância era excelente.
Quando tinha 5 anos eu me mudei e fui morar um pouco distante do consultorio dele. Eu tive uma tossepersistente. Fui a varios medicos e ninguem diagnostiva certo. os remedios não adiantavam nada.
Minha mãe me levou nele e com a medicação dele em uma semana eu tava boa. srsrsr.
Outro ponto importante. Eu acho essencial ter empatia com o paciente. é péssimo ir para um medico em que a pessoa nem olha para cara do paciente.
Quando eu atendo os meus clientes na primeira consulta eu costumo ficar uma hora. Não dá para saber o historico familiar da pessoa e ainda ver o habito alimentar em 15 minutos...
A segunda consulta costuma durar meia hora. E eu sempre procuro saber se a pessoa teve alguma dificuldade em seguir a dieta. Essas coisas são importantes e não apenas o conhecimento técnico...
Oi Atena
Post divulgado na Teia.
Até mais
Cy:
Sinto pelas suas más experiências, mas como fisioterapeuta você tem muito a ajudar pacientes que são mal atendidos por médicos. Isso já aconteceu comigo e fiquei fã incondicional dos fisioterapeutas.
Obrigada pela participação e ebraços
Marcela:
Bem que você faz. Eu também prefiro os homeopatas, pois além da prescrição não ter efeitos colaterais, os médicos homeopatas são mais humanos.
Obrigada pela visita e abraços
Maluco da Madrugada:
Você tem razão, virou tudo numa indústria que só visa o lucro e não a saúde.
Obrigada pela participação. Volte sempre.
abraços
Florzinha:
Gostei da maneira que você atende seus pacientes. É isso aí, quem atende pessoas que estão com problemas de saúde tem mais é obrigação de ser empático.
beijos
Olha, a medicina praticada por alguns médicos realmente é tudo isso que vocês estão dizendo. Mas "toda a generalização é burra".
Na minha vida de médico vejo, também, fisioterapêutas que chegam nos quartos e perguntam _ " e aí, tudo bem?! daqui a pouco eu volto"... e não voltam mais, porém vão ao prontuário e escrevem que fizeram tal e qual procedimento. Vi diversas vezes enfermeiros que destratam pacientes, inclusive encaminhamos para a coordenação de enfermagem para serem tomadas as providências. Conheci, em uma cidade pequena do Espirito Santo, um bioquímico que inventava resultados. Foi denunciado à prefeitura que tomou providências. Meu irmão foi a uma psicóloga em Curitiba, para poder realizar uma cirurgia, a mesma olhou para ele e perguntou se estava tudo bem; ele disse que sim, ai então ela escreveu que ele estava apto para a cirurgia. Não durou três minutos.
Enfim o egoísmo e a ruindade são inerentes ao ser humano e a qualquer profissão.
O movimento nacional dos médicos visa fazer com que o GRANDE PUBLICO que são os usuários vejam que sem o médico o sistema não pode funcionar. Não adianta ter a melhor ressonância magnética do mundo se não existir um médico para interpretar o resultado. Não é possível que um médico receba de um convênio 36 (sem impostos)reais por consulta. Trinta e seis reais é mais ou menos o que um cabelereiro cobra para fazer um bom corte.
Para que as pessoas possam cobrar essa postura atenciosa que todos querem, é necessário que se pague bem ao médico, pois todos vocês estão pagando fortunas aos planos de saúde.
PARA QUALQUER SIMPLES ADMINISTRADOR DOMÉSTICO sabe-se que para se manter uma estrutura funcionando necessita-se de dinheiro. Se o médico não fizer "rodar" a quantidade de gente não terá como pagar despesas operacionais que são imensas.
Enfim, a paralisação dos médicos visa trazer uma melhora do atendimento para o próprio usuário através de uma melhor remuneração médica. Se a sociedade resolver ficar criticando toda uma classe por causa de alguns médicos que exercem a pratica de forma irregular, certamente ficaremos rodando em círculos. Cobre do seu plano... Cobre do seu médico. E não generalizem, pois a crítica sem uma base sólida de conceitos é apenas areia ao vento.
Desde já agradeço a atenção e o espaço para colocar o que penso.
A medicina é mesmo uma ciência muito importante, não poderia ser diferente, porque a vida é nosso bem mais precioso.
Não é da cultura do brasileiro as consultas preventivas. E para falar a verdade a conduta médica não estimula isso.
Só quando vemos que não tem jeito, é que recorremos ao "doutor".
Agora, é importante comentarmos o comportamento de alguns médicos, que no exercício profissional, agem com uma automação irritante. O paciente quer atenção e orientações de qualidade, mas isso nem sempre é observado.
Outro problema relevante, é a quantidade de erros médicos. Os casos se multiplicam e são assustadores. O Conselho Federal de Medicina precisa estar atendo a essas situações.
Há muito tempo, os pacientes anseiam por um atendimento humano e eficiente tecnicamente. Mas estamos longe desse ideal. Os médicos devem refletir sobre isso.
Paz e felicidade,
Bruno Borges Borges
brunoborgesborges.blogspot.com
Doutor:
Concordo com você em alguns aspectos, por exemplo: generalização é burrice mesmo. Contudo, atualmente, a quantidade de médicos que se enquadram no exposto é muito grande. Também concordo que maus profissionais são encontrados em todas as profissãoes.
Não acho que a responsabilidade por esse atendimento tão desumano que vemos seja só do médico, as condições não só de remuneração , mas de ferramentas de trabalho e até espaço físico em muitos locais são sabidamente deficientes.
Este blog é para estimular a expansão de consciências em todos os sentidos e, neste texto específico, visar aos dois lados da moeda: pacientes, mas também os médicos para que reflitam sobre como nós, os pacientes, nos sentimos. Já estou escrevendo outro post que relata as agruras enfrentadas pelos médicos.
Coloquei no texto que considerei o ex-médico citado como um pessimista, pois ele exagera um tanto em suas críticas.
Planos de saúde são somente máquinas de fazer dinheiro e acho importante que não só a classe médica, mas também o público em geral façam alguma coisa para reverter a situação atual.
Agora, enquanto as indústrias farmacêuticas comandarem o setor de saúde, não vejo muita esperança para mudanças efetivas.
Seja bem vindo e abraços
Bruno:
Aqui você disse tudo: "Há muito tempo, os pacientes anseiam por um atendimento humano e eficiente tecnicamente. Mas estamos longe desse ideal. Os médicos devem refletir sobre isso."
Está faltando consciência neste mundo, daí a necessidade de reflexão.
Bem lembrada a ideia da prevenção. Creio que no futuro caminharemos para isso. Creio que de repente algum "esperto" rsrs vai se dar conta que é mais barato prevenir do que tratar doenças.
Obrigada pela visita e grande abraço
A saúde trata as pessoas como números, "x" atendimentos por dia etc...
Já perdi entes queridos por falta/omissão médica, é claro que não podemos provar, pois o corporativismo impera em hospitais, principalmente na rede pública.
Em uma ocasião minha esposa acidentada (acidente grave de motocicleta!)foi levada pelo resgate á um P.A.S, esperou mais de 40 minutos para ser atendida, quando cheguei no hospital fui falar com o médico que lia jornal tranqüilamente, sem ninguém atender, ele simplesmente me tocou da sala dele dizendo;
-Que eu tinha que esperar a vez.
Argumentei que o acidente fora sério ele fechou a porta na minha cara!
Sabe o que fiz?
Um escândalo, xinguei meio mundo lá dentro e mandei chamar a polícia!
Depois do "freje", o vagabundo venho se desculpar e eu disse a ele solenemente:
-Não quero conversa com você,faça seu trabalho!
Tirei ela de lá e a levei agora, em um hospital pago e do inferno ela chegou ao céu!
Tenho pena daqueles que dependem dessa m.... chamada Sistema Público de Saúde!
Excelente post, desculpe-me o texto pouco polido, mas não aguento gente falar bem dessa b.... de sistema público de saúde!
Abração, outro excelente texto, que bom que você tocou no assunto!
Cidadão:
Eu já fui mal atendida no SUS como também já fui muito bem atendida. O Sistema, como um todo, é deficiente, mas no final o que faz a diferença são as pessoas que nos atendem.
Sei que as pessoas que trabalham nesse Sistema são mal remuneradas e trabalham, muitas vezes, em condições precárias mesmo, isso explica, mas não justifica tratarem os pacientes como você relatou e tantos outros relatam.
Durante muitos anos ministrei cursos de Atendimento ao Público e sempre salientei aos meus alunos que quando a gente está insatisfeito com o nosso trabalho ou salário o que se deve fazer é trocar de emprego ao invés de prestar um mau serviço ou descontar nossa raiva ou insatisfação nas pessoas que se atende.
Isso é ter CONSCIÊNCIA e ética profissional. Infelizmente são poucos os que as têm.
Espero que sua esposa tenha ficado bem.
abração
Tenho a impressão que o Min da Saúde perdeu a noção do ridículo!!! Tudo a ver a mensagem acima...
Numa das últimas vezes que fui ao médico rasguei e joguei a receita fora logo que saí do consultório. Não ia tomar um remédio indicado numa consulta porca como aquela! Como perdão dos porcos.
Tenho buscado atualmente as formas tradicionais de lidar com a saúde, e atualmente me devoto a prática de observar o sol (http://serluminoso.blogspot.com/2011/07/sun-gazing-medicina-gratuita-do-futuro.html), que se ainda não entregou tudo que promete, ao menos já me mostrou que mesmo a mais estranha forma de cura pode ser real.
Abraço. Daniel.
Daniel;
Achei bem interessante esse tratamento com o sol, aliás, sou apaixonada por ele e vivo combatendo o uso demasiado de "protetores". As indústrias que fabricam protetor solar criaram toda uma campanha para criminalizar o mesmo, esquecendo que sem ele não fixamos a vitamina D no corpo.
Obrigada pela participação e pela dica, vou ler sobre o assunto.
abraços
Eu cursei 9 períodos de Medicina, e ainda durante todo o curso, tive a infelicidade de atuar em quase todas as especialidades, desde a pediatria até a clínica cardiológica. Talvez tenha sido isso o meu grande erro. Chegou ao ponto de não aguentar mais e não desejar isso para mim. O que muitos acham "status" eu considero como burrice, pois trabalhar em condições desumanas e depois afirmar que gosta de ajudar os outros (???)....isso é uma tamanha mediocridade e hipocresia. No inicio foi uma barra, pois ninguém entendia o tamanho da minha "loucura" em abandonar um curso desejado por tantos iludidos. Hoje vi e reflito no tamanho da minha ignorância quando decidi fazer Medicina, foram os piores anos de minha vida, além de ter sido vítima de erro médico por um dono de uma clínica mercenária aqui do Rio (clinica renomeada da zona sul carioca).
Anônimo:
Fiquei realmente penalizada com sua história. Talvez tenhamos perdido um futuro bom médico.
Infelizmente pessoas mais conscientes podem tomar o tipo de decisão que você tomou. É uma pena que a medicina tenha chegado a esse estado.
Obrigada pela visita e seja sempre bem vindo
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