segunda-feira, 12 de novembro de 2012
As armadilhas da mente
Meditação é uma prática muito saudável para o corpo, a mente e o
espírito, principalmente nos agitados dias atuais.
Existem várias técnicas diferentes, algumas muito carregadas de
misticismo, no entanto a meditação é uma coisa muito simples, nada mais do que
sentar-se confortavelmente, de preferência num ambiente silencioso, e esvaziar
a mente de qualquer pensamento.
Difícil no início? Com certeza. Nossa mente é um constante burburinho,
mas com a prática vai ficando cada vez mais fácil.
Encontrei na web este excelente texto que trata das armadilhas da
mente, muito útil para nós ocidentais que não temos a mesma familiaridade, com
esse tipo de prática, como os orientais.
“Quando se fala em "desligar
a mente" durante a meditação, seria como falar em desligar um gigantesco
computador, muito poderoso, que tem medo de ser desligado. Aí, então, esse
computador começa a preparar armadilhas... Pois é; a mente é mais ou menos
assim quando você medita. Meditar é estar em um foco, que lhe permita relaxar a
lógica. Estar em um foco é permanecer conectado à sua âncora, seja ela qual
for. Pode ser o movimento do abdome, poder ser a atenção na respiração, a
pronúncia de um som específico; pode ser até apenas o espaço do agora, mas
sempre haverá uma âncora quando se meditar.
Relaxar a lógica é não se
envolver nas sequências de pensamentos que forem surgindo em sua mente. Como?
Repetidamente "abandonando", soltando", "libertando"
os pensamentos e voltando para a âncora.
Mas, aí surge o problema: a mente
não pretende ser desligada. Nosso computador mental não pretende ajudar nesse
exercício. Para a maioria das escolas meditativas, esse é um dos princípios
mais básicos para se entender, e vamos explicar isso melhor, abaixo.
De acordo com essas escolas, se
dividirmos didaticamente o nosso "ser", poderíamos dizer que há um
ser "atuante" e um ser "existente". Existiria um
"eu" que atua no mundo, que fornece a nossa identidade social,
composto por raciocínio, emoção, instinto, corpo físico, idade, sexo, profissão,
etc. Esse "eu" atua no mundo e nos identificamos completamente com
ele.
O outro "eu", seria
aquele que existe, antes de tudo. Simplesmente existe. É um "ser" que
vem antes do corpo, do raciocínio, do instinto, de identidade social, do sexo,
da idade, enfim, de tudo que possamos usar para dar identidade a alguém. É a
chamada "pura existência". Esse ser esteve presente quando éramos
jovens, quando envelhecemos, quando celebramos, quando choramos. Ele nunca foi
jovem, mas estava lá no começo de nossas vidas. Ele não ficou velho, mas
presencia nossa idade madura. Ele nunca celebrou, mas assistiu nossa celebração
na mais absoluta paz. Ele jamais chorou, mas estava presente, em perfeito
equilíbrio, enquanto chorávamos.
Nosso ser completo seria formado pela
soma dos dois seres. Sim, isso mesmo, pela soma do superficial e do profundo,
pois mesmo a superfície do mais profundo oceano ainda é parte do oceano. A
chamada "consciência desperta" seria a percepção deste ser completo,
a cada momento.
Quando as correntes místicas
orientais falam sobre o ego, elas falam sobre uma falsa identidade, que se
formaria quando acreditamos que tudo que somos é o "ser atuante".
Essa identificação com este "meio-ser", sem entender o "ser
completo", é que formaria o ego. Ao contrário do que muitos pensam, o ego
não é o alvo a ser destruído na meditação, mas sim algo que deve ser entendido,
quando se percebe que o ser "atuante" é apenas uma parte do que somos
em totalidade.
Quando meditamos, com o tempo
encontramos espaços de silêncio interno, e "o ser existente" começa a
aflorar. Na mesma proporção, o "ser atuante" sente-se ameaçado. É por
isso que alguns meditadores, quando atingem determinados estágios, relatam
experiências onde sentiram muito medo, e falam sobre um medo tão grande que
"parecia que iam morrer". A partir desse momento, começa a luta do
"ser atuante", que também podemos chamar de "armadilhas da
mente".
Quais as principais armadilhas da
mente? Várias. As ideações positivas, quando pensamos sobre como estamos indo
bem enquanto meditamos e, assim, nos envolvemos em outras sequências de
pensamentos. A sensação de poder, que gera arrogância e alimenta o ego. O
orgulho de estarmos aparentemente em evolução "espiritual", e não há
orgulho maior do que o orgulho espiritual. A vaidade de ser visto como alguém
que vive sem tantas necessidades, e não há ostentação maior do que a vaidade de
não ter vaidades. O tato intuitivo crescente, que nos faz parecer poderosos
magos, quase que adivinhos das sensações e necessidades alheias. A capacidade
de meditar, em qualquer circunstância, por muito tempo, que é usada como um
troféu perante outras pessoas. Até mesmo o rótulo de "buscador", de
alguém que está "a caminho" de alguma coisa, com o qual nos
identificamos como com qualquer outro rótulo. Por fim, o medo sem explicação
aparente, conforme já descrevemos acima.
Vejam que todas essas armadilhas
apenas alimentam o ego, e quando o ego é alimentado ele é inchado, permanece em
soberba, e parece cada vez maior e mais poderoso, ao invés de ser percebido
como apenas uma parte de nós. São as armadilhas da mente. É simples assim. Um
mecanismo de defesa de um "ser" (o ser atuante) que pensa que vai
morrer e precisa se defender. Quando estamos no espaço de consciência, é
possível vislumbrar que não somos apenas isso. A consciência plena compreende o
engano do ego, mas o ego não é capaz de compreender a consciência plena,
acredita que corre risco de desaparecer, e luta como pode para evitar isso.
Como evitar esses riscos quando
se pratica meditação? Apenas meditando, cada vez melhor. A prática continuada
irá desbastando essas barreiras. Não se rotule. Não faça "pose de
meditador". Não pense que alcançou, pois enquanto for possível pensar que
algo foi conquistado, aí ainda estará o ego em operação. Na verdade,
nem procure alcançar nada, pois tudo se dissolverá - até mesma sua intenção de
busca - antes de começarmos a perceber a nossa mais profunda natureza. Esqueça
a "conquista"; esqueça a "busca"; esqueça a
"iluminação". Esses são conceitos, e conceitos pertencem ao mundo da
lógica.
Medite. Viva. Esteja aqui, agora.
Perdoe-se por ainda não estar em completa paz. Seja, sem precisar saber o que
exatamente você é. Relaxe no não-saber. Aceite. Sinta. Você já é. Você sempre
foi...”
Roberto Cardoso
Imagem: lipocentersorocaba.com.br
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8 comentários:
Parabéns!...senti firmeza nas palavras, meditei apenas uma vez na vida e já senti que tenho que me enpenhar mais nessa prática tão saudável!
com força e fé chegamos lá...até onde só Deus sabe!
Jean:
Esta é uma ótima e saudável prática, persevere.
Abraços e obrigada pela visita. Seja sempre bem vindo.
faz tempo que não medito, principalmente depois que o eduardinho nasceu. mas preciso voltar à prática. nada melhor para relaxar e para se misturar com uma dimensão diferente da usual(não sei bem o quê, talvez seja esse outro eu do texto).
Muito bom, Atena.
beijos
Oi, Edu:
Sei bem como é com filho novo. rsrs
Ele ainda está na fase de fazer muito barulho, né? Essa fase é maravilhosa. O que você está perdendo por não meditar, ganha acompanhando o crescimento de seu filho.
Sei que quando for possível retornará, pois já viu os benefícios.
beijos e beijocas ao Eduardinho
tenho seu blog como pagina inicial do meu navegador, obrigado
Anônimo:
Eu que agradeço a você por prestigiar o blog.
Seja sempre bem vindo e abraços
Ola Atena!
Muitas vezes a nossa mente age de forma muito mecânica devido ao meio que nos exige respostas rápidas, a meditação do texto é, assim como as mais diversas formas de meditar, uma oportunidade ( rara ) para parar tudo e depois, com a mente mais serena, rever essas mencânicas e poder realmente muda-las quando nos prejudicam
abraços
Marcos:
Realmente, a maior parte do tempo vivemos no piloto automático e a meditação é uma boa forma da gente sair disso.
Obrigada pela visita e abraços
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