"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Você conhece a sua mente?

mente

Já faz algum tempo que surgiu a neurociência e ultimamente anda ativamente pesquisando e divulgando seus achados.

Acho ótimo, estávamos atrasados em relação ao conhecimento do cérebro comparando-se com o restante do corpo. Mas .... como ainda é a ciência cartesiana que domina ... os neurocientistas estão considerando o cérebro como sinônimo de mente.

Felizmente o planeta tem o seu lado oriental, com sua antiguíssima sabedoria, e é de lá que surgem vez por outra informações e conhecimentos riquíssimos que podemos somar às frias e insensatas teorias dos ocidentais.

Fiz faculdade de Psicologia, mas só fui entender mesmo o que é a mente humana quando li o livro do Dr. David Frawley. Embora ele seja americano de nascimento, escolheu se tornar um hindu por convicção. É considerado especialista em medicina Ayurvédica e graduou-se em medicina chinesa, também é professor védico, raja yogi e astrólogo védico.

Seu entendimento da mente humana é tão excepcional porque não é limitado pelo axioma ocidental de que “o todo é a soma das partes”. Os ensinamentos orientais têm um caráter holográfico, onde as partes refletem o todo.

A mente é o principal veículo que usamos para tudo o que fazemos; no entanto, poucos sabem como usá-la ou zelar por ela, se é que alguém sabe.”

“A mente não é matéria física, mas é matéria de natureza sutil, etérea e luminosa.” (...)” o cérebro é o órgão físico por meio do qual a mente trabalha”.

Cérebro e Mente são duas realidades distintas, enquanto o cérebro é condição da mente, a mente não é necessariamente condição do cérebro.” (http://cerebroemente.weebly.com/)

Frawley nos explica que o cérebro (com suas conexões químicas e elétricas) é somente uma ferramenta usada pela mente. A mente foi projetada pela Inteligência Cósmica para permitir que a consciência tenha suas experiências. Vejam então que mente também não é a mesma coisa que consciência.

É uma capacidade nossa, como seres sencientes, e não uma parte de nosso corpo físico. A mente se manifesta através de pensamentos, sentimentos, sensações que, por sua vez, agem como gatilhos para ativar certas partes do cérebro (que os neurocientistas percebem com seus instrumentos).

Bom, alguém vai argumentar que o cientista ativando certas partes do cérebro produz sensações e/ou emoções. Ok, sensações e emoções estão ligados à parte química do corpo, tendo suas respectivas áreas cerebrais também. Eu quero ver eles provocarem pensamentos (sem emoções ou sentimentos) ...

Entender a mente e, principalmente controlá-la, é uma das mais grandiosas tarefas com que o ser humano se defronta. Afinal, é devido a ela que exultamos ou sofremos, que somos capazes de vencer obstáculos ou fracassar miseravelmente, que amamos ou odiamos, enfim é graças a ela que temos consciência de quem somos e de que estamos vivos.

“Aprender a usar de modo correto os recursos da mente não apenas resolve os nossos problemas psicológicos, mas também nos leva à compreensão superior de nós mesmos”.

Para começar a entender a mente é preciso notar que ela se desloca conforme a nossa percepção, portanto é altamente mutável e inquieta. Nossas horas de vigília são totalmente tomadas por sensações (através dos 5 sentidos), pensamentos e emoções, tudo se sucedendo velozmente, sem controle nenhum (exceto em pessoas treinadas).

Uma forma de acalmar e treinar a mente para nosso benefício é praticar meditação.

A mente também propende a reações dualistas de atração e repulsão, amor e ódio e assim por diante. (...) Para afirmar uma coisa temos de sugerir o contrário. (...) Por exemplo, se dissermos a alguém que não pense num macaco, esse alguém naturalmente pensará num macaco.”

(... )”Ela pode facilmente cair presa dos opostos, ou vir a ser vítima de sua própria tendência para mudar de ideia. Por esta razão não deveríamos tentar obrigar a mente a se voltar a nenhuma direção determinada, mas deveríamos procurar conservá-la longe de quais quer extremos”.

Estes dois parágrafos acima são de extrema importância para aprendermos a controlar a mente e merecem uma detida reflexão.

Sem os pensamentos, a mente desaparece. O problema maior é conseguirmos eliminar os pensamentos. Muitas vezes eles parecem um macaquinho doido dentro de nossa cabeça (lembrando que usamos o cérebro como ferramenta). Uma das coisas mais difíceis, para nós ocidentais, é fazer meditação (eliminando os pensamentos), mas é possível através do treino. De início a gente consegue esvaziar a mente nada mais do que um segundo, depois, aos poucos, vamos aumentando o tempo.

Outro controle que precisamos fazer é sobre a qualidade dos nossos pensamentos – o quê pensamos.

Como pensamentos são energia, eles também passam a existir, ter uma vida própria (os orientais chamam de formas-pensamento). A duração de suas vidas vai depender de quantas vezes temos o mesmo pensamento e de sua intensidade (emoção ou sentimento que o acompanha). Pensamentos fugazes e que não se repetem têm vidas (permanência) fugazes também.

Na Psicologia Clínica é comum encontramos pacientes que apresentam pensamentos recorrentes, que chamamos de obsessivos. Tais pacientes acabam se tornando vítimas de seus próprios pensamentos porque os mesmos já ganharam vida própria e teimam (e como teimam) em se apresentar novamente criando um círculo vicioso.

“Só quando mudamos nossos pensamentos mais profundos é que podemos realmente mudar e ir além dos limites impostos pela mente. Isso é muito mais do que mudar nossas ideias sobre as coisas, implica alterar nossos sentimentos e instintos mais profundos.”

Isso é nos livramos de hábitos arraigados e vícios mentais. Não é tarefa fácil, mas é realizável.

Como o assunto é muito amplo, retornarei ao mesmo em outra ocasião. Para os interessados em se conhecer melhor, recomendo o livro do Frawley.

Citações: Uma Visão Ayurvédica da Mente, Dr. David Frawley. Ed. Pensamento

Imagem: tresjoiastextos.blogspot.com

Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.

11 comentários:

Anônimo disse...

Interessante o texto!!

Quando der de uma passada no meu blog.. eu respondi seu comentário!!

Atena disse...

Ok, Luciana, irei lá olhar.
beijos

ricardo alves / são paulo,brasil disse...

este é um post que contribui por demais para um novo "inconsciente coletivo"...uma nova humanidade!
meus sinceros parabéns e pena que não posso compartilhar pelo google+...não há acesso!
mesmo assim para mim vale a experiência de assistir tanta gente conectada neste planeta..
namastê!

Atena disse...

Ricardo:
É um prazer vê-lo novamente por aqui.
Som, os despertos estão aumentando. Felizmente.
abraços

Unknown disse...

Atena: gostaria em primeiro lugar, de te parabenizar pelo excelente e persistente trabalho que vens desenvolvendo ao longo dos anos.

Teu último post me fez pensar e pesquisar muito, refletir e relativizar algumas coisas.

Fazendo uma analogia precária com a informática, que é o que temos de mais próximo do ser humano, eu diria, não há software por mais maravilhoso que seja que funcione bem com um hardware danificado. Se as trilhas do HD tiverem problema, jamais irão "gravar" nossas tentativas de pensar mais positivo, de meditar, ou acessar boas lembranças na hora do sufoco para amenizar o estresse de um momento difícil.

Daniel Amen, psiquiatra e neurocientista, conseguiu provar nos EUA que é possível detectar problemas no nosso "hardware" - cérebro, e corrigi-los com a medicação adequada, graças ao uso de alta tecnologia da medicina nuclear, um aparelho que possibilita fazer um diagnóstico través do SPECT - tomografia computadorizada de emissão de fóton único, que mede o fluxo do sangue e os padrões de atividade do cérebro.

Apesar de termos esse equipamento em funcionamento na Santa Casa de Misericórdia em Porto Alegre (RS), infelizmente não desenvolvemos o know-how de poder interpretar as imagens vistas e cruzar com uma análise psiquiátrica dos problemas de um paciente desta natureza.

Desejo, sinceramente, que isto se torne possível aqui no Brasil, pois seria de extrema valia, principalmente para os pais e companheiros céticos de pessoas com distúrbios psiquiatros, que precisam "ver para crer" no problema do outro, e não submetê-lo a anos sem tratamento, fazendo com que um problema termine gerando inúmeros outros e traumas, num caminho sofrido e sem volta. O tempo passado e as oportunidades perdidas jamais serão recuperadas.

Por outro lado, sobre os neurocientistas, pelo que verifiquei na Sociedade Brasileira de Neurociência são os profissionais da medicina mais holísticos, integrando até mesmo especialidades como odontologia em seu quadro de estudos. Surpreendeu-me tua afirmação em contrário, origem primeira do post.

Para terminar, cito o site que usaste anteriormente, que diz:

"Mas, também a mente é capaz de influenciar o desenvolvimento do cérebro do ser humano. O facto de nós exercitarmos mais ou menos a mente, compromete o desenvolvimento do cérebro. Isto significa que o desenvolvimento da mente influencia o do cérebro, da mesma forma que o desenvolvimento do cérebro influencia o da mente."

E isso Daniel Amen, apesar de em momento algum do livro chamar de mente, faz recomendações para o bom uso do cérebro, que aprimoram em muito nosso software. Para acabar com os pensamentos obsessivos, por exemplo, ele diz: "mate as formigas". Não deixe que eles tomem conta.

Ele estuda o tema há mais de 10 anos, e sua clínica atende a 800 pacientes por mês. Como o livro é do ano 2000, na verdade ele já pesquisa há 20 anos, né?

Para quem quiser saber mais, o livro chama-se "Transforme seu cérebro, transforme sua vida. Editora Mercuryo."

Um abração.

Eduardo Medeiros disse...

Muito bom texto.

Tenho lido também o pensamento do físico indiano Amit Goswani sobre mente e consciência aplicadas a física quântica e é uma coisa de louco...rss

beijos.

Atena disse...

Ana:
Gostei da analogia com software and hardware. rsrs
Parece que você teve mais sorte do que eu quanto às suas leituras de material neurocientífico. Claro, a regra geral existe para suportar as exceções.
Eu sinceramente espero que para o futuro a ciência médica se torne totalmente holística e centrada no paciente e não na doença para poder realmente beneficiar a todos.
Agradeço muito a brilhante contribuição fornecida ao tema, bem como seus cumprimentos ao blog.
Seja sempre bem vinda.
beijos

Atena disse...

Edu:
Eu sempre achei que você tinha salvação. rsrs
Lendo Amit Goswami, é? Tá no bom caminho. rsrs
Talvez eu não esteja aqui pra ver, mas chegará o dia em que ciência e espiritualidade estarão unidas.
beijos, querido

Cidadão Araçatuba disse...

Olá querida amiga,tudo bem?Excelente texto, vou dar uma lida no link que você deixou. Ótimo texto. Feliz natal e excelente inicio de ano! Grande Abraço.

Atena disse...

Cidadão:
Que prazer em revê-lo por aqui.
Obrigada pelos cumprimentos e desejo-lhe um alegre Natal junto à sua família
abraços

Atena disse...

Obrigada, Tiozão.
Um super 2013 para você e sua família.
abraços