"No Egito as bibliotecas eram chamadas Tesouro dos remédios da alma. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”

(Jacques Bossuet).

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Sem Assembleia Constituinte a reforma política vai acabar em pizza!

pizza

A Presidente Dilma propôs a realização de uma Assembléia Nacional Constituinte para especificamente tratar da reforma política. Meu ser suspirou de esperança..

Muito bem, o que acontece no dia seguinte à sua proposta? No Congresso, e fora dele, já se levantam os bandalhos a dar o contra. Por quê? Por medo de que sua vontade (seus interesses), não se imponha à nação. Eles querem que eles mesmos tratem da reforma política, como sempre, ao seu bel prazer. Lembrando que já existe uma proposta desde 2009 que ainda não foi votada.

Hoje já vejo na TV que a reforma será proposta por plebiscito ou referendum. A canalha que ocupa nosso Congresso brasileiro está dando hurras.

Da forma como hoje funciona a legislação eleitoral, tomam posse nas confortáveis cadeiras estofadas políticos que não foram eleitos pelo povo, mas sim pelo tal de “quociente eleitoral”. Queremos que continue assim?

Vamos analisar as duas atuais propostas:

1) O plebiscito deverá conter muitas perguntas a serem respondidas se for bem feito e para que atenda às reivindicações do povo.

2) Brasileiro sabe votar? Acho que nem preciso responder esta pergunta.

3) A maior parte do eleitorado tem estudo suficiente para entender todos os meandros da legislação eleitoral (que acarretará na reforma política)?

4) Nas vilas, favelas, povoações ribeirinhas da Amazônia os votantes não serão “esclarecidos” pelos políticos da região para votarem de acordo com suas (dos políticos) agendas?

No referendum, o Congresso redige a proposta e esta será submetida á votação popular com duas perguntas: aprova ou desaprova.

Aí volta-se novamente à incapacidade do brasileiro de votar bem, sem falar na pressão que “as bases” sofrerão para votar de acordo como os interesses de seus patrões: os canalhas do Congresso, das Assembleias Legislativas, Câmaras de Vereadores e etc.

Para vocês, leitores, terem uma ideia de quanto custa anualmente aos cofres públicos mantermos no Congresso aquela corja que faz tudo, menos legislar em causa do povo, apresento alguns cálculos que me dei ao trabalho de fazer.

Deputados:

 

Mensal

 

Média mensal

Anual

Salário

26.723,13

+ 13°, 14°, 15°

33.403,91

400.846,95

Auxílio moradia

3.000,00

   

36.000,00

Verba p/passagens aéreas

9.947,00

   

119,364,00

Verba gabinete

60.000,00

   

720.000,00

Cota correio/telefone:

4.268,00

   

51.216,00

Verba indenizatória

15.000,00

   

180.000,00

Impressões e assinaturas

1.000,00

   

12.000,00

Total

     

1.519.426,95

Verba indenizatória refere-se a gasolina, comida, hospedagem, aluguel de escritório (sim, além dos que eles têm no Congresso) e consultorias.

Ainda recebem reembolso de gastos com saúde própria e da família.

Fonte: http://super.abril.com.br/cultura/quanto-custa-deputado-601265.shtml

Supondo que os senadores recebem aproximadamente a mesma coisa, teremos então um gasto anual com ambas as casas legislativas a quantia de (não desmaiem, por favor): 1.519.426,95 x 2 = 3.038.853,90 (três milhões, trinta e oito mil e oitocentos e cinqüenta e três reais)

Já paga uma Mega Sena razoável, não é? Na poupança (jun/13) rende mensalmente R$ 12.985,00.

Este é um cálculo por baixo porque há muitos outros decorrentes da manutenção dos senhores congressistas lá no planalto central.

Ganhando tudo isso, e mais alguma coisa, acham mesmo que fazem questão que haja uma reforma política?

“Há uma necessidade muito grande no Brasil de incluir o povo nas discussões de reforma. O Brasil está cansado de reformas de cúpula. Todos os momentos cruciais de nossa história tiveram solução de cúpula. A independência foi um conchavo de elites portuguesas e brasileiras. Na República, o povo acordou sem saber que havia uma mudança de regime. Temos de trazer o povo para a discussão, e não continuarmos com essa tradição de conchavos” (Joaquim Barbosa, Presidente do STF)

Lembro aqui o ocorrido na Islândia em 2010: a população exigiu fazer uma nova Constituição a ser elaborada por 25 cidadãos que não tivessem nenhuma atividade partidária. O que foi feito. Durante a redação qualquer cidadão podia dar sugestões ou propor mudanças por meio da internet.

Isso pode ser feito aqui com a realização de uma Assembléia Constituinte específica para a reforma política desde que o povo se manifeste a favor. Aqueles contrários à realização da mesma é porque estão contra a participação do povo. Ponto!

Convoco meus patrícios a tomar uma posição contra os desmandos que hoje existem no nosso sistema político. Vamos moralizar, vamos, principalmente, tomar consciência!

Este blog foi criado para você, leitor. E só saberei se você está satisfeito se comentar os posts, ou então, pergunte, questione e sugira temas ou modificações.

4 comentários:

Cesar Alvarenga disse...

Cara Atena!
Peço desculpas por pensar diferente da amiga.Uma Constituinte demoraria tempo demais e custaria muito caro ao Brasil.O ideal seria o Congresso aprovar uma lista de N projetos-Lei e enviar ao povo para sua anuência. Aprovando ou não,através de um Plebiscito popular. Acompanho política a mais de 50 anos, e penso ser essa a melhor opção.Outra coisa que gostaria de esclarecer,é que o custo total aos cofres públicos, por deputado ano, ultrapassa os 5 milhões de reais e cada senador esse valor dobra. Esse é o pensamento de Cesar Alvarenga(E-mail:cesaraalvarenga@terra.com.br
Abraços pelos interesses e lutas demonstrados com a causa pública.

Beth Muniz disse...

Oi Atena,
Concordo com a quase totalidade das ideias colocadas no texto. Apesar de termos estilos diferentes, temos afinidade de pensamento.
O fato é que se tentou computar na conta da Dilma toda a insatisfação contida nas manifestações, para na sequência, se preparar um grande “golpe branco” com a ajuda do presidente do STF e da mídia. No artigo que publicarei ainda hoje, deixo isso mais claro.
Felizmente, o ‘povo’ está percebendo que grande parte das reivindicações só poderão ser atendidas com a aprovação de lei, pelo congresso nacional. E, é isso o que está acontecendo.
Sobre a Islândia: Apesar do sucesso que cita, não pode servir de referência de modelo tendo em vista as diferenças geográficas, culturais, territorial e populacional. Seria o mesmo que comparar um Continente (Brasil) com uma Aldeia (Islândia), em termos de complexidade.
Não dá para reunir uns vinte, trinta, cem, ou sei lá quantos, para decidir por quase duzentos mil brasileiros. Melhor uma Constituinte, de cujo resultado, todos serão responsáveis. E o ‘povo’ não mais poderá reclamar que não é ouvido. Cada parte com a sua responsabilidade civil.
Também não considero que só haja canalha dentro do Congresso. Muito pelo contrário: Há parlamentares sérios e honestos. Mas, sempre é bom lembrar que a cara doa parlamento que está aí, é exatamente a cara de quem o elegeu.
Com relação do uso da internet, está prevista na proposta do relator, conforme já publiquei no Travessia.
No mais, estamos em comum acordo.
Desculpe-me pela demora no comentário. Muito trabalho...
Beijo Mestra.
Ah, Se tiver um tempinho leia estes dois textos.
http://blogdabethmuniz.blogspot.com.br/2013/06/estava-tudo-preparado.html#.UcwkmNixmjc
http://blogdabethmuniz.blogspot.com.br/2013/06/reforma-politica.html#.Uc3pddixmjc

Atena disse...

Olá, Cesar:
Não precisa se desculpar, aqui todas as opiniões são levadas em consideração e, às vezes, até mudo de ideia conforme a argumentação do comentador.
Quanto ao custo de uma Constituinte não saberia dizer se é mais caro que a realização de um plebiscito (o que vai haver), principalmente tendo em conta que o povo vai ter de ser informado a respeito para poder responder.
Obrigada pela correção quantos aos valores de custo dos congressistas. Realmente peguei só o básico.
Agradeço a visita e seja sempre bem-vindo

Atena disse...

Beth:
Como sempre, você me ajuda a pensar mais devagar... rsrsrs Meu Mercúrio está sempre a mil por hora, pois é muito forte no meu mapa astral.
Já li seu texto sobre o “golpe branco” e deixei meu comentário.
Concordo com as diferenças que citou entre Brasil e Islândia, mas será que não poderíamos fazer algo adequado à nossa realidade?
Bem, seja o que for que aconteça pela frente, já estou contente porque o brasileiro está demonstrando maior consciência, assim como o resto do planeta com suas manifestações também.
Beijos e obrigada pelo comentário