Em1956 Leon Festinger, psicólogo social estadunidense, lançou o livro Quando a Profecia Falha onde analisava o aprofundamento da fé dos membros de uma seita após o fracasso da profecia que um pouso UFO era iminente.
Os membros da seita sofreram o que Festinger chamou de dissonância cognitiva, que é definida como um conflito entre duas ideias, crenças ou opiniões incompatíveis ou que se contradizem. Quando isso acontece, porque o conflito é desconfortável, as pessoas procuram encontrar "elementos de consonância", mudando uma das crenças, ou as duas, para torná-las mais compatíveis. Isto faz parte dos paradoxos humanos e explica muitos dos comportamentos diários dos indivíduos.
O desconforto causado pela dissonância cognitiva pode tomar a forma de ansiedade, culpa, vergonha, fúria, embaraço, stress e outros estados emocionais negativos, daí a urgência em superar a dissonância encontrada.
Segundo Festinger, as pessoas procuram eliminar a dissonância através de três maneiras: reduzindo a importância de um dos fatores discordantes, adicionando elementos consoantes ou mudando um dos fatores dissonantes.
A dissonância cognitiva geralmente dá ensejo a manifestarem-se mecanismos de defesa do ego, como a negação (de evidências) e racionalizações (explicações com aparência de verdade).
“A partir dessa teoria podemos entender que o indivíduo se comporta de acordo com suas percepções e não de acordo com a realidade, ou seja, reage conforme àquilo que é confortável ou não com suas cognições.” (http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/41439/teoria-da-dissonancia-cognitiva )
Em 1959 Festinger e Carlsmith realizaram um experimento que confirmou a existência da dissonância cognitiva.
Os escolhidos para o experimento foram estudantes de graduação na Universidade de Stanford. Foram informados que o experimento era sobre como suas expectativas afetam a experiência real de uma tarefa.
“Os alunos foram convidados a passar uma hora em tarefas chatas e tediosas. As tarefas foram projetadas para gerar uma atitude forte e negativa. Uma vez que os indivíduos tinham feito isso, os experimentadores pediram a alguns deles para fazerem um favor simples. Eles foram convidados a falar com outro “sujeito” (na verdade, um ator) e persuadi-lo de que as tarefas eram interessantes e envolventes. A alguns participantes foram pagos 20 dólares para este favor, outro grupo recebeu 1 dólar e um grupo controle não foi convidado a realizar o favor.
Quando solicitados a classificar as tarefas aborrecidas na conclusão do estudo (não na presença do outro "sujeito"), os do grupo 1 dólar as classificaram de forma mais positiva do que aqueles dos 20 dólares e do grupo de controle. Isto foi explicado por Festinger e Carlsmith como evidência de dissonância cognitiva.
Os pesquisadores teorizaram que as pessoas do grupo de 1 dólar experimentaram dissonância entre as cognições contraditórias: "Eu disse a alguém que a tarefa era interessante", e "Eu realmente achei chato”. A mente resolve este dilema ao decidir que, na verdade, o trabalho foi interessante, afinal, ajudou na conclusão da pesquisa.
Aqueles do grupo de 20 dólares, entretanto, tinham uma óbvia justificativa monetária para seu comportamento e, portanto, experimentaram menor dissonância.” (http://en.wikipedia.org/wiki/Cognitive_dissonance )
Quanto mais enraizada nos comportamentos do indivíduo uma crença estiver, geralmente mais forte será a reação de negar crenças opostas. Já vi isto acontecer quando o líder de uma igreja evangélica brasileira foi acusado e processado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha, no entanto seus fiéis continuam solidários e frequentando a igreja dele – não tiveram sua fé no bispo abalada.
Outro exemplo são as profecias do fim do mundo, até agora várias profecias já foram anuladas e as pessoas continuam crentes que “talvez a data estivesse errada”, mas vai acontecer porque está escrito. Sua fé no apocalipse continua.
A dissonância cognitiva tem um exemplo bem conhecido na literatura: a fábula de Esopo, “A raposa e as uvas”. Quando a raposa percebe que não consegue alcançar as uvas, ela decide que não as quer de qualquer modo, pois estão verdes (racionalização para eliminar a dissonância cognitiva).
E o leitor, quantas vezes já se enfrentou com a dissonância cognitiva? Reflita a respeito.
Imagem: www.ludicas.com.br
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24 comentários:
Hoje em dia é difícil não ter essa dissonância!Quem estiver conseguindo usar mais sua inteligência emocional,
vai estar um pouco menos imerso nesse conflito interior,usar o bom senso da melhor maneira possível e saber que onde geralmente tem fumaça pode aparecer o fogo!Percebo essa maioria que age assim num compasso de espera atualmente,é o que vejo e tenho sentido!Abraço Fraterno.
Duas perguntas cara Atena,seria o caso do discurso que não condiz com a prática,se tem um discurso mas se age de forma contrária???Como dimensionar o que é realidade ou percepção???
Sucris:
Não tinha percebido, mas acho que você está certo quanto ao compasso de espera.
Sinal dos tempos ... rsrs
Eduardo:
Quanto à primeira pergunta:a resposta é sim.
Quanto à segunda: nada mais difícil do que isso, saber diferenciar o que é realidade e o que é percepção.
A realidade, em terceira dimensão, nos é mostrada através de nossa percepção, portanto fica difícil a gente ter certeza de alguma coisa.
Daí eu pedir tanto aos meus leitores que reflitam sempre. Sobre tudo.
Acho que existe um remédio para essa insistente dicotomia!Ter "certeza" de que nada sabe. Ter "certeza" que nesse mundo a certeza absoluta não existe!Procurar a "certeza" calma e descritiva da mente sempre aberta,sempre... Aí vc vai ter "certeza" que vai estar por um bom tempo no modo funcional sem pirar com tantas "incertezas" e paradoxos martelando seu cérebro.. Rs ..Rs..Captou???Rs..
Abraço Fraterno
Sucris:
Sinto decepcioná-lo, mas não é com a mente que iremos encontrar alguma certeza. O único jeito que sei ser possível é com a Divina Presença.
A nossa mente nos engana o tempo todo, não podemos confiar nela por mais aberta que seja.
Procure ler este post que explica como enxergamos o mundo São duas postagens) e entenderá melhor do que estou falando: http://expandiraconsciencia.blogspot.com.br/2010/10/como-voce-ve-o-mundo.html
abraços
A maior das dissonâncias cognitivas e na qual a quase totalidade dos humanos incorre, é a crença num deus.
A redescoberta de si mesmo só é possível após a superação dessa dissonância.Krishnamurti que o diga.
Amoraisa:
Desculpe, mas não entendi a que se refere. Pode explicar melhor?
Atena, pode ser que eu tenha interpretado equivocadamente o seu artigo, porém, pelo que eu entendi, a dissonância cognitiva ocorre quando o fato real não é coerente com a sua descrição ou com a sua expectativa.
Pela sua conclusão ao experimento(que aqui transcrevo) " "Quanto mais enraizada nos comportamentos do indivíduo uma crença estiver, geralmente mais forte será a reação de negar crenças opostas." , e com a qual concordo, concluo pelo que afirmei.
Veja o exemplo das crenças religiosas. Quanto mais você espera que um ser superior te proteja, te dê as coisas, mais você vai depender e confiar nele. Esse é um comportamento comum e recorrente. Sucede que quando o ser superior não dá, tira o que v. tem, te desampara, SUA FÉ AUMENTA.
Isso eu entendo como DISSONÂNCIA COGNITIVA. Ouso atribuir ao comportamento o alcunha de "SÍNDROME DE JÓ". Somente quando v. perde a fé na existência desse "ser" e fica por sua conta (quando não sucumbe antes), é que v. descobre a si mesmo, ao seu poder,
a sua essência e então entende que tem que ser coerente e corajoso para não confiar em promessas eternas de um sócio que quando tudo dá certo, foi ele que fez; quando tudo dá errado, a culpa é sua; que tudo que v. tem, foi ele que deu, e tudo o que v. quer tem que pedir pra ele, mas é você quem trabalha pra conseguir.Bjs.
Amoraisa:
Muito obrigada pela resposta. Seu raciocínio está perfeito, contudo existe um outro caminho para reencontrar o poder pessoal que é adquirir um conceito da Divindade diferente das religiões. Coloquei como frase do mês:"O conceito de Deus neste mundo é talvez uma das três coisas mais desequilibradas com relação à consciência neste momento. O conceito de que Deus está noutro lugar; o conceito de Deus como sendo um pai; o conceito de Deus tendo regras ou se importando com o que vocês fazem”.
Este é o deus (Fonte)em que acredito, que nos delega a responsabilidade por nossos atos, para o qual, inclusive, não se reza porque Ele não tá nem aí, não vai atender rezas ou pedidos.
Agradecida e abraços
Oi lindinha!Acho que foi o termo "MENTE" que vc não gostou ou não entendeu!Nem eu,vi vc falando em reflexão!Aqui e agora neste corpo é com a mente que executamos tudo que nos rodeia e "conhecemos"! Neste exato momento não posso nomear essa "divindade" que mora dentro de mim e sei que ela tem que se expressar de alguma maneira por algum método,em algum lugar! Não uso alcunhas religiosas ou "sagradas".Quando tenho os insigths,sinto a "força","o caminho,por onde devo afirmar meu entendimento e corajosamente segui -lo como informação precípua do meu interior.Que nome devo dar?
em sua opinião?por onde e que "lugar" e sentido devo nomear?Falo de algo que sinto,concreto,que me foi oferecido e ponho em prática e que me traz excelentes resultados. Me sinto segura,feliz,mais sábia e uma série de sincronicidades acontecem!Embora a resposta que tenha dado ao Eduardo seja de teor diferente do seu questionamento , mesmo assim,vejo essas abordagens enraizadas em filosofias semi religiosas!Por isso uso o termo que acredito estar mais de acordo! "Deus mora na minha cabeça"Rs..Rs. Compreendeu amiga,a visão da minha in-formação?Abraço Fraterno
Poderia me dar sua impressão geral sobre esse post,gostaria de saber sua intuição e visão sobre essas informações!Desde já agradeço.Abraço fraterno.
http://conversandocomosextraterrestres.blogspot.com.br/2013/03/a-hionose -regressiva-e-o-processo-de.html
Interessante essa analise!São questões polemicas também pelo fato de se tratar de opiniões pessoais e desejos dessas opiniões.Eu hoje procuro pensar na seguinte questão:Agregar conhecimentos,sem sentir repulsa pela ideia do outro.É sempre bom abrir não só a mente,mas também a alma.As vezes temos conflitos,mas não percebemos que somos tão cheios de indagações e de duvidas,que as vezes muitos se apegam em crenças duvidosas,mas é porque se tem essa necessidade.Todos nós temos alguma crença.
Otimo post para debater!
Sucris:
Quando uso o termo Divindade (uso Fonte também) é porque não gosto de usar a palavra deus que considero totalmente deturpada pelas religiões.
Na realidade o ser humano é muito ligado em rótulos e quando se escreve para um público heterogêneo se é obrigado a usar desse mesmo recurso para bom entendimento.
Pelo que entendi suas respostas vem do seu interior. Ótimo. Provavelmente você já tem mais acesso à sua divindade interna do que a grande maioria.
Não vejo motivo para você procurar nomear a fonte de seus insigts, não é necessário a não ser quando pode dar ensejo a mal entendidos, como foi o nosso caso com o termo "mente".
O outro mal entendido já esclareci no comentário de Como você vê o mundo. rsrs
Dou-lhe os parabéns por esse contato tão especial que você já tem.
abraços
Sucris:
Bem, encontrei dois pontos que não conferem com os conhecimentos que possuo.
1) “ainda possuíam algo a burilar em seus espíritos, por isto optaram por esta reencarnação de sacrifícios, onde poderiam avançar mais rápido ao padrão vibratório ideal do amor, da harmonia e do desprendimento.”
Talvez eu esteja errada, mas deu-me a impressão que a alma precisa “melhorar” em termos de comportamento e isso não é possível porque a alma nestes termos já é perfeita. Do que eu sei a alma só pode é “avançar” em experiências e conhecimento. Este seria o motivo das várias encarnações. O tal de carma é uma invenção humana.
2) “A grande soma de estelares que chegou à Terra, notadamente a partir da década de 50, ocorreu por um chamado dos grandes seres das hierarquias celestiais, que recrutou estas pessoas,”
Não possuo informações sobre maior vinda de “seres estelares” recrutados por hierarquias celestiais. Parece-me mais uma demonstração de um equívoco bem comum entre os humanos: achar que existe uma hierarquia “celeste”. Toda alma é soberana, do outro lado do véu não há chefes e índios. rsrs O que existe parece ser algo como uns serem mais “grandiosos” do que outros por causa de seu conhecimento acumulado.
Quanto à hipnose regressiva, não a aconselho para quem não tiver preparo psicológico e espiritual, pois pode causar mais mal do que bem. Uma vez me submeti a umas sessões com um terapeuta que não soube manejar o que surgiu numa das sessões. Salvei-me graças à minha condição de psicóloga.
É preciso que o terapeuta tenha muito conhecimento e segurança no que faz.
Este é o meu entendimento atual. Já disse aqui no blog que verdade absoluta não existe, amanhã posso ter novo conhecimento ou entendimento diferente do que já sei.
grande abraço
Vitor:
Sim, as crenças fazem parte da nossa vida em terceira dimensão e é muuuuuito difícil livrar-se delas. Eu uso um artifício para monitorar as minhas: permanente policiamento do que chamo meu "eu observador" rsrs
Muito interessante, Atena. É o caso também daquela mulher ou homem apaixonadíssimos que não conseguem ver que a relação é a maior furada....rsss
ah, e quem garante que Deus ou a tal "Divina Presença" não é somente mais um construto das nossas mentes? Realidade, cadê você? rsss
Tiozão:
Obrigada pelo apoio.
abraços
Edu:
Creio que quem já SENTIU sua Divina Presença pode afirmar sua realidade.
É algo muito subjetivo, mas .... o tempo dirá quem está com a razão.
abraços
Atena, duas perguntas: toda relação dissonante pode ser interpretada como hipocrisia? Você acha que nessa "era da informação" é mais propício surgirem mais dissonâncias, identifica-las ou resolve-las?.
Abraço.
Oi Atena!Muito obrigada por sua atenção e resposta!Em parte eu tb penso como vc!Só caio de volta a duvida,sobre a conversa hierarquica, quando converso meia hora com pessoas a minha volta que simplesmente não sabem quem são, onde estão,pra onde ir,dizer sim ou não,e as vezes nem o que escolher pra comer!Daí fico pensando!mesmo que á nível espiritual não "devesse" haver
"chefes e índios"...aqui na praticidade da vida,não acontece. Vejo nitidamente que 80 por cento não consegue estabelecer sua vida como um todo,está sempre esperando por "ALGUÉM".Isto é real e conexo, não tem como discutir!Eu não acredito em perfeição,se assim fosse não teria que sair por aí para aprender,pra mim é ilógico,o mque é perfeito é perfeito... vejo não como perfeito,mas como inerte, sem dinâmica,no escuro,apenas o átomo e nada mais!Que quando sai da fonte para aprender,cria movimento e tipos de materialidade,que é o nosso caso agora!Vejo todo mundo falar em voltar a fonte,virar luz,ser feliz!Entendo!mas acho que ainda não estou pronta Rs..pra vida na inércia,saber tudo e não interagir em nada RS..Acredito nos prepostos da Blavatski..O MAL vem a ser simplesmente cair na MAL..TERIALIDADE RS..RS..Abraço Fraterno.
Luiz:
a relação dissonante não é hipocrisia como nós costumamos defini-la. É mais o uso de mecanismos de defesa.
Sim, nos dias atuais, com tanta informação à disposição creio que pode acontecer mais casos de dissonância cognitiva.
Obrigada pela visita e abraços
Sucris:
A volta à Fonte é duro mesmo de conseguir. Aff! rsrs
Como você, quando interajo com outras pessoas fico concluindo que temos muito que evoluir ainda.
Parece-me que você está bem encaminhada. Paciência que chegará lá.
Blavatski ajudou muito no meu atual conhecimento e a frase citada, para nós em terceira dimensão, está perfeita.
abração
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